terça-feira, novembro 06, 2007

Mick Campeao


Pode comemorar Mick!

Deve ser duro para um homem com o histórico do Cory Lopez, 8 vezes entre os top 16 do WCT, ter que enfrentar a longa caminhada de volta ao palanque do campeonato depois de perder a bateria e ficar quase absolutamente sem chance de se requalificar.
Cory andou vagarosamente, parou para tirar fotos com os fãs, deu autógrafos e dirigiu-se ao chuveiro, abriu a água e lá ficou por algum tempo, olhos fechados, sem saber direito o que sentir.
Cory perdeu para um Mick Campbell atento e pilhado: “O surfista tem que estar esperto hoje e fazer com que cada onda renda bons pontos. As condições estão bem difíceis e uma boa escolha de ondas pode ser decisiva”
Fazia tempo que o WCT não ficava tão embolado, menos de 500 pontos separam o 18, Travis Logie, do 36 Cory Lopez.
Um milagre em Pipe pode salvar Cory - e Cory é um dos poucos capazes de fazer milagre em Pipe.
Cory e Bruce.
Bruce pode respirar um pouco ao bater Occy que deu adeus ao WCT, mas logo em seguida perdeu para o Sul-africano Ricky Basnett com a menor média do evento, um medíocre total de 4.17.
O penúltimo campeonato do ano é melancólico para alguns. Mick Lowe, The Australian Keg, anunciou sua saída (Lowe se recusa a correr o WQS, diz que quem não se classifica pelo WCT não merece estar lá), Trent Munro tambem anuncia aposentadoria.
Para outros é a glória, o brasileiro Heitor Alves teve seu grande momento vencendo um desatento Bobby Martinez em condições difíceis, 5 a 6 pés balançados com algumas série fechando tudo e lavando os competidores. Heitor estava radiante: "Acho que no ano passado eu sofri mais pressão, pois caí com o Andy, que estava disputando o título com o Slater. Poderia ter vencido a bateria, mas infelizmente não deu. Agora, sem pressão nenhuma, o negócio é só surfar"
O Mar começava a se ajeitar quando Rodrigo Dorenelles entrou n'água para enfrentar Adriano Mineirinho, os dois estavam empatados no ranking e Pedra surfou brilhantemente as volumosas direitas da Praia da Vila, usando a borda da sua 6'2'' com confiança e firmeza:"O Mineirinho é muito perigoso, então não podia dar mole. Tive a felicidade de escolher bem as ondas e peguei umas abrindo ali para garantir a vitória" disse Dornelles.
O primeiro dez saiu na bateria seguinte, Joel Parkinson aniquilou o bi-campeão brasileiro Jihad com um surfe que deixou Slater e Fanning vibrando na área de competidores: "9.5" arriscou Kelly.
Foi numa esquerda que Parko deu seu show, apenas tres manobras, uma esquerda de 5 pés, a primeira arriscando por baixo do lip que caía, uma segunda mais abusada, finalizando com uma batida absurda na junção, dessas que paramos pra ver em camera lenta nos vídeos de surfe: "It was a good wave, sometimes you wait for'em and got lucky. I've been having a lot fun here in Brasil in these last few years'.
Taylor Knox, Dingo e Ace Buchan perderam para Dayan Neve, Neco Padaratz e Luke Stedman respectivamente.
A praia enchia antecipando as baterias de Fanning, Slater e Burrow.
Fanning enfrentaria Marco Polo, um dos poucos surfistas convidados capazes de causar um sério aborrecimento, felizmente para o líder Polo nunca se achou na bateria e deixou o caminho livre para a decisão do título ainda em terras brasileiras.
"Depois da Europa fui para Australia e fiz cinco pranchas novas mas não gostei de nenhuma e voltei pras minhas velhas. Essa prancha que usei hoje é a mesma que venci em Hossegor. Vamos ver como me saio aqui."
Fanning encontrará Stedman na próxima fase.
Na noite passada, coquetel de lançamento da banda do Teco Padaratz, El Niño, Slater esperou o show terminar e subiu no palco, ficou durante mais de uma hora tocando seu violão e cantando um repertório eclético.
Slater se alimenta da atenção que recebe, é um desses caras que não só não se intimida como cresce com esse tipo de ambiente.
Em plena segunda-feira, a praia subitamente encheu para ver Slater.
Outra coisa curiosa é perceber que Kelly precisa de desafios para desempenhar e Renato Galvão nunca o incomodou. Kelly abriu logo nos primeiros segundos com uma direita magistral, a maior onda surfada no dia, um simples e redondo 8.
"Eu acho que aprendi a lidar com a pressão. Algumas vezes lido bem, outras mal. Depende da situação. Aqui no Brasil estou muito a vontade. A pressão está com Fanning e Taj"
Disse Kelly que surfou com uma 6'3'' para aguentar o volume das ondas da Vila.
Slater pega um motivado Kai Otton nas oitavas amanhã.
O line up confuso e de difícil posiocionamento deixou as baterias com médias baixas, mas as notas altas continuavam a sair.
Shaun Cansdell e Leo Neves, que precisam de resultado nessa etapa para não depender do Havaí tiveram a segunda e terceira melhor nota do dia e passaram sem problemas por Jeremy Flores e C.J..
"A pressão é total, preciso de um resultado aqui e não posso bobear." disse Léo, que surfou com sua fiel 6'3'' e quilhas maiores.
O sol finalmente saiu e o vento nordeste entrou deixando as ondas pelo menos mais bonitas, embora ainda uma verdadeira loteria quando Taj entrava n'água para a disputa com Willian Cardoso, o inverso do biotipo do Taj, um cara grande e pesado com mais de 90 kilos.
Taj levou com alguma folga, mas Willian precisava de menos de 7 pontos para virar.
Nesta terça o título pode ser decidido na Praia da Vila, os aorganizadores irão terminar o campeonato de qualquer maneira, a previsão é de um mar mais acertado.
Se depender do Octa Slater isso não deverá acontecer:" acho que Mick merece o título, ele esteve mais focado do que qualquer outro surfista em 2007 e tem tudo para encerrar a disputa aqui. Mas acho que seria bom se o título fosse decidido no Havaí. E se Fanning deixar o título ser decidido lá tudo pode acontecer."

Uma atualização:
Kelly acaba de perder para Kai Otton e, na minha opinião, declara o encerrada a corrida ao título, desde que o retrospecto do Taj é nulo em Pipe e, caso ele tremine na frente, precisa de uma final no Pipe masters.