segunda-feira, novembro 26, 2007

Taj



De tudo que vi em Imbituba, sem dúvida a cena mais desoladora foi Taj sentado na beira da área dos competidores olhando fixo para o nada.
Sou capaz de apostar que ele chorava.
Fanning celebrava seu recem conquistado título acompanhado de todos australianos presentes, exceto Taj.
Me fascina o outro lado da competição, o lado escuro, triste, a história que ninguem conta.
Pouco me importa o que Fanning disse ou deixou de dizer uma sucessão de uhuus e 'não tenho palavras'.
Taj estava ali doído da perda.
Já faz mais de uma década que Taj está nessa brincadeira, lembro de 1996 em Portugal, o garoto sardento e cabeludo, veloz como um garoto sardento e cabeludo da Austrália (alguem disse Cheyne Horan ?), demolindo tudo que se mexia dentro do Atlântico gelado e fazendo finais, uma atrás da outra.
Taj classificou-se para o WCT e abriu mão da vaga para terminar os estudos e se preparar melhor para uma carreira fulminante que prometia.
Joel, Bobby M. e Mick nem sonhavam com o circuito em 96 - ou melhor, sonhavam sim, de cima dos seus 15 aninhos - e Taj já era a sensação.
Naquele momento,Taj representava toda derrota. Fora batido pelo burocrata Whitaker numa bateria previsível, Taj caiu muito, Tom Whits escolheu bem as ondas e pronto- simples.
Fiquei tanto tempo para descrever o último dia do Hang Loose Pro por falta de assunto.
Slater saiu d'água, depois de ter apanhado feio pro novato Kai Otton, pegou sua 6'3'', prancha que usou no dia anterior, e deu para Fanning, que surpreso retribuiu com uma 5'11'' do quiver campeão.
Aqui cabe espaço para todo tipo de simbolismo, mas resumindo o recado é que a brincadeira tinha terminado e ninguem mais alcançaria o Macaco Albino.
Mais de um mês depois, a imagem do Taj olhando para a insana comemoração como um altista, sem pertencer a nenhum lugar, me surpreendeu.
Deixei de lado o campeonato.
Nada mais fazia sentido diante da dor daquela perda.