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sexta-feira, junho 13, 2014

Just another fucking surfer...

Apenas outro surfista ?


Cara, tenho uma pergunta pra te fazer, por que não tem uma única onda do Curren no teu filme ?

Eu tinha acabado de assistir o Deeper Shade of Blue e apesar de ter adorado o filme do início ao fim, não entendia como um filme que conta a história do surfe e dos diferentes estilos de se divertir na onda não tinha o mais elegante de todos surfistas - me permitam abrir um parêntese imaginário pro Phil Edwards e Mickey Dora.
Conversava com Jack McCoy no ano passado durante o Primeiro SAL (Surf at Lisbon Surf Festival) e resolvi perguntar por mera curiosidade - minha e do João Valente (editor da Revista Surf Portugal) - e a resposta não foi menos que surpreendente.
He's just another fucking surfer, disse McCoy, mal traduzindo seria algo como, ele é apenas mais um surfista, pôrra!
Aquilo me chocou, mas Jack não parou por ali.
Qual foi a contribuição do Curren pro surfe ? Ele surfava bem, e daí ?
Tambem não tem onda do Occy no filme...
McCoy me olhava com alguma irritação, aquela não era o tipo de pergunta que ele preferia responder.
Um dia antes ele recebera o prêmio de melhor filme do Festival e eu tive a honra e o privilégio de entregar com toda reverência que a solenidade merecia.
Estávamos no saguão do hotel que a família McCoy se hospedava - estavam todos lá, esposa e casal de filhos, aproveitando o melhor que Lisboa tinha para oferecer e, de quebra, exibindo sua última obra prima.
Jack falou que pesquisou pro filme como nunca tinha feito antes, ele e Derek Hynd se reuniam e discutiam por horas a fio sobre o que era relevante ou não na história do surfe.
Separaram mais de oitenta diferentes perfis de todos surfistas que fizeram algum tipo de contribuição ao esporte nos últimos cem anos - divididos em mais de 17 categorias.
Assistiram e re-assistiram todos filmes que conseguiram botar as mãos, desde a época do Duke até Kelly Slater e companhia.
O primeiro corte do filme tinha mais de tres horas e meia!
O diretor havaiano, radicado na Austrália, disse que passou uns dois anos sem saber direito o que fazer com aquele catatau de imagens que tinha compilado.
A meta que ele e o caolho decidiram mirar era escolher surfistas que tinham feito algo grandioso na arte de surfar e deixado uma marca na areia, apontando pra frente.
Curren e Occy sempre estiveram entre os primeiros que fincaram a bandeira do desempenho em alto nível para minha geração. 
De repente me deparo com a possibilidade daquilo não representar absolutamente nada...
Foi um choque.
A escolha dos personagens não foi tarefa fácil, diz ele, muitas vezes Derek achava que um camarada merecia estar na lista por inúmeras razões e Jack discordava.
Outras vezes, Jack estava convicto que fulano era fundamental e Derek enlouquecia com a escolha.
O processo passava literalmente pela defesa de determinados casos como se estivessem numa corte de justiça, até que finalmente os dois concordassem.
McCoy vacila por um instante e Valente continua a pergunta que fiz, ainda mais implicante e elaborada, 
Jack, voce reconhece que fazer um filme sobre a história do surfe e não colocar uma onda do Curren, ou melhor, colocar mas não dar sequer o crédito é como uma blasfêmia, não ?
McCoy sorri um sorriso muito do sacana e conta mais uma das suas irresistíveis histórias,
Voces sabem que a premiére mundial do Deeper Shade of Blue foi em Santa Barbara ?
(Detalhe, Tom Curren é de Santa Barbara)
Nós dois, eu e João, ficamos ainda mais curiosos...
Terminado o filme, seguia McCoy com sua descrição, eu perguntava pras pessoas, o que voce achou do filme ? e tudo que me respondiam era, Cadê o Tom Curren ?
Bom, voce quer mesmo saber ? Ele é um excelente surfista, mas não fez muito pelo surfe.
All Merrick, que fazia suas pranchas, deveria ter mais reconhecimento...
A lista de gente que ficou fora do filme é grande, diz Jack, sem pena do que ficou pra trás.
Ele passa a enumerar as pessoas que não são nem citadas no filme, todos balançamos a cabeça em consentimento.
Não resisto fazer uma última pergunta, e todo esse material, toda essa pesquisa...
Voce não tem vontade de continuar contando todas essa histórias ?

Do alto dos seus 62 anos, Jack responde com um suspiro, longo e profundo.

domingo, abril 04, 2010

diario dos Sinos VI

Martinho Da Vila diz que nós temos dois olhos,
um vê e outro enxerga.

Hoje (ontem) foi um dia diferente dos outros.

Normalmente nessa profissão você procura ficar proximo de pessoas interessantes para espremer alguma declaração que valha uma linha.

Sentei-me sozinho na mesma escada que fica a esquerda do palanque, em inglês alguem escreveria, alone with my thoughts.

De repente, vejo Toby Martin se preparando para uma entrevista atras (epa!) de mim, olhei melhor, la estava Dane Reynolds.

Dane é bem mais alto do que pensava, parece estar sempre só e ali estava para ver a bateria do Jordy.
Me pergunto se ele tem algum interesse no outros dois, Pat Gadauskas e Jay Thompsom.

Talvez não.

Bottle abre bem a bateria, acerta uma ou duas das suas rasgadas, ele conhece bem essa onda e vai dar trabalho, pensaria um desavisado.

A historia é outra, nota inferior a 5.

J.T. não é bem vindo no novo critério adotado pela ASP.

Jordy manda logo um aéreo reverse na sua primeira manobra.

Dane faz aquele barulhinho típico dos americanos, sshhhhhhh!!, ou waaaahh!!!

Whatever, diria algum afetadinho repórter local.

Toby ataca Dane com dezenas de perguntas, não entendo bulhufas do que eles falam, estou com a cabeça em outro canto - em casa talvez.

Jordy domina a pendenga sem problema, tudo dá certo pro sul-africano.

Esperem!

Pat G. pega uma onda e enlouquece, voa, roda, vira, mexe.
Jordy nem liga, ele sabe que a qualquer momento uma onda virá e ele fará o mesmo.
A onda não vem e Jordy perde enfurecido.
Reparem que nessa bateria não há vencedor, há somente perdedor.

Querem saber mais ?
Aconselho procurar em outro lugar.

Cafezinho

Me servia do café na tenda da merenda do Rip Curl Bells Beach Pro (opa! agora sim) enquanto Damien Hardman preparava sua cumbuca de cereais.
Dane perguntou,

acha que rola o segundo round hoje ?

Nem a pau, respondeu Dooma.

Aproveitei a deixa,

Alguma chance de ir pra Johanna nos proximos dias ?

Provável que sim, disse ele muito desconfiado.

Minutos depois, encontro com Renato e pergunto a ele sobre uma questão levantada pelo nosso caro MP (Miguel Perdreira),

que diabos aconteceu com o novo formato ?

Renato diz que a turma não curtiu essa de rodar de cara sem poder voltar e brincar de novo, alem disso seria injusto desde que 2010 a foice vai passar pelos 45 depois da quinta etapa.

Pior Bells que ja vi, diz o célebre torcedor do Avai

Damien foi pra Joahanna e amanhã (hoje) deveremos ir pra la.
A previsão é desanimadora e muda de 10 em 10 minutos.
Nem os locais tem saco de prever algo.
Dois deles, que trabalham no evento, dizem que Johanna ta grande e mexido.
Talvez Damien não tenha perguntado a eles.

Indio quer apito

Dane diz ao amigo ao lado, as ondas tão divertidas, quando a maré encher vai ficar bom la em Rincon (daqui, não o de la).

Andy diz ao Jadson,

vai la e diz que voce quer surfar a segunda fase hoje

Jadson responde,

Ta louco ? to chegando agora aqui no tour...vai la voce e fala.

Andy não desgastar a relação com Damien - nem Dane.

Clash of the Titans

Ja tinha visto Curren duas vezes antes aqui no estacionamento, as duas com seu filho que, dizem as boas línguas, surfa bem pacas - e é, vejam a gigantesca ironia, Goofy.

Agora, ver Curren vestido com sua roupa de borracha indo para bateria é uma outra sensação.
No estacionamento ele parecia um senhor serio do alto dos seus quase 50 anos, enquanto o Curren de camisa de lycra é quase uma assombração dos anos 80 que voltou para fazer justiça nesse mundo espoleta do surfe moderno de fundo.

Arrependei-vos pois nunca usaram a borda, miseráveis!

Diria uma voz gutural vindo dos Céus.

Porra, nunca tinha visto o Curren se alongando antes duma bateria, comenta um cara ao lado antes dos dois descerem a rampa que leva até a praia.

Naquele mesmo mar que todo round 2 foi relegado, Occy e Curren foram jogados aos leões.
Desci até a praia para poder ver a reação do publico que nessa altura lotava as areias de Bells.

Os locutores despejavam quilos e mais quilos de merda nos alto-falantes na esperança de entreter a corja.

Ainda hoje, 25 anos depois da primeira vitoria do Curren em Bells, a magia permanece.
Intacta.

Ossos e Aaaahs por todo lado e segundo consta, entre alguns dos top 45 presentes.

A posição dos braços, as pernas dobradas como quem senta na cadeira de diretor dum filme do Kurosawa, a prancha saindo da inércia para mais completa curva como uma faca afiada cortando um belo pedaço de carne, firme, segura, precisa.

Estava tudo ali: Michael Peterson, Phil Edwards, Dora, Nat, Rabbit.

Um movimento que não respeita tempo nem epoca, Timeless, escreveria um petit pedê aussie.
Em seguida entram duzentos surfistas para a expressão session.

Das 4.985 ondas surfadas, apenas duas ficariam na memoria de alguem com menos de 30 anos.

Medalha, medalha, medalha...

Hoje (ontem) foi mesmo um dia interessante, resolvi assistir a final do Grom Search internacional em pé la em cima da área reservada aos jornalistas.

Percebi que alguém se aproximava, nem precisei me virar,

Martin Potter postou-se logo a minha frente e perguntou,

Já começou ?

Sim, Medina ta na frente.

Por 30 minutos ficamos la, em pé, numa esquina vagabunda do palanque do Easter Classic, eu e Pottz.

Lembro vivamente sua final contra Slater aqui, provoquei.

É, aquela foi uma boa bateria...

Tem algum surfista predileto hoje no tour ?

Gosto do Parko, Slater, Taj, Fanning...Dane & Jordy também.

E eu pensando que ele mencionaria Dane & Jordy primeiro.

Quem vai levar essa ?

Kolohe é muito bom mas esse Medina é um freak. Se o circuito fosse em esquerdas, ele ganhava.

Nesse interim, Medina pega uma esquerda (!!!!!) e manda um aéreo tão limpo e perfeito que Pottz faz um daqueles barulhinhos

OOoooooohhh!

Quantos anos você tinha quando esteve no Brasil pela primeira vez ?

15 anos em 1981 pro Waimea 5000 naquela esquerda la do Rio...

Arpoador, adiantei.

Vai fazer todo tour comentando ?

Não, quero ficar em casa com minha mulher e meus filhos. Ja fiquei muito tempo viajando com o circuito. Farei os da Rip Curl, da Quiksliver e alguns da O'Neill.

Claw Warrick, dono da Rip Curl, sai apressado duma sala embaixo, Pottz grita

Hey, o moleque ta ganhando pegando esquerdas - em Bells!

Cala balança a cabeça concordando e abre os braços numa indagação silenciosa.

Prazer, Pottz, me chamo Julio.



Curren e Occy antes da Bateria em Bells 2010 from Julio Adler on Vimeo.

sexta-feira, agosto 14, 2009

Os duelistas



Peguei na cara dura la do Grupo Sal.
Assista em tela cheia.
Culpa do Mellin.

domingo, maio 11, 2008

Quase tudo verdade


Occy enterradão.

Revista Surf Portugal>Tempestade em copo d'água>182>Março 2008

Lowe e Occy quando aposentaram-se deixaram o circuito mundial mais espoleta, menos borda n'água.
2008 será um ano para esquecer se voce surfa com o pé direito na frente, apenas 11 goofys nos 44 e nenhum deles pode ser considerado um 'power surfer' do calibre dum Lowe, ou Egan - deixaremos Occy fora dessa para não corrermos o risco de linchamento.
Por outro lado, entra Jordy, com seus quase 90 kilos e toneladas de borda enterrada seja em Durban ou Sunset.
Nos top 10 de 2007, vejam só, apenas um goofyzinho, El Chicano Martinez, que não pode ser considerado um surfista de muito peso na onda e ocupa a décima posição, seguido de C.J. em 11º e Kai Otton em 12º, Damien H. em 15º encerra a lista do goofys entre os top 16, a verdadeira elite da ASP.
É pouco, nem sempre foi assim.
Logo ali nos idos de 1976, quando a IPS resolveu fazer as contas no final do ano e coroar um campeão mundial, ganho pelo regular Peter Towned (sem vencer um evento sequer para desespero de todos), no engatinhar do surfe profissional, dos 16 primeiros apenas 3 eram goofys, em oitavo, o Pipe Master Rory 'The Dog' Russel, o aussie recluso e rebelde Wayne Lynch ainda na dúvida entre a reclusão absoluta ou o título de campeão em décimo primeiro e o bigodudo da flórida Jeff Crawford, especialista em Pipeline, em décimo sexto.
Russel repetiu a dose em 77 (tambem bi em Pipe), oitavo do mundo, desta vez sozinho, sem a companhia de um único surfista que surfasse de frente pras esquerdas de Pipe, mas dos 12 campeonatos do circuito mundial, quase todos em direitas, tivemos os goofys Daniel Friedman e Crawford vencendo em casa, Waimea 5000 e Wave rider Florida Pro.
Tinha sempre um gatinho goofy pingado nos top 16 mas nada que assustasse MR, Rabbit, Kealoha, Shaun, Anderson e Horan, ou seja, num circuito de direitas, surfar com o pé esquerdo na frente era quase um defeito.
lugar de Goofy era em Pipe e acabou.


Sem Lowe o circo fica sem um gordinho bombeiro.


Isso até 1981, quando entra na história um baixinho sardento que mudaria a história do surfe. Ele não vence nada em 81 mas termina entre os dez primeiros e em 1982 assombra o mundo demolindo o Sunkist World Cup em ondas de 12 pés em Sunset e tornando-se o primeiro goofy a vencer surfando de costas pra onda no circuito mundial- vence e convence!
Tom Carroll mal tinha completado 21 anos e já era terceiro do mundo, atrás apenas do tetra MR e do (tetra) vice Horan, um feito notável para qualquer surfista daquele tempo mas inconcebível para um goofy.
Carroll inverteu a desvantagem e tomou o tour de assalto em 1983 e 84, ganhando em Burleigh, Narrabeen, Japão e Flórida, deixando pra trás todos candidatos ao título e prognósticos, sagrando-se bi mundial.
Mas Carroll não se resumia num competidor feroz, que aliás nem era, Tommy 'The Gun' como apresentava a propaganda da Rip Curl, era uma britadeira de backside e surfava com uma força nunca antes vista, devido a uma cirurgia que sofrera no joelho direito que o obrigou a fortalecer a perna. Carroll tinha as pernas desproporcionais de tão fortes. Olhando de susto, parecia que tinha alguma coisa errada, um dorso enfiado de anão enfiado nas pernas de um halterofilista.
Os novos tempos apontados pelas vitórias e conquistas de Carroll encoraja jovens goofys a atacar o circuito mundial, Occy, Glen Winton, Barton Lynch e os veteranos Joey Buran e Terry 'Richo' Richardson representam a nova onda de goofys nos top 16 que culmina em 84 com Carroll em primeiro e Occy em terceiro.
Duma hora pra outra os goofys atropelaram a supremacia regular e acotovelam-se no top 16 de igual pra igual até, finalmente, 1988, ano da consagração de Barton Lynch, que tem Damien Hardman em segundo, Carroll em terceiro e Derek ho em quarto.
Mas nem Barton, nem Hardman, nem Ho, Bain, Winton, Macaulay tinham o power de Carroll na alvorada dos anos 90 e o tampinha estava prestes a se aposentar.
Quem iria levantar a bandeira dos enterra-a-borda ?
Luke Egan era um competidor medíocre, restringia-se a participar do circuito mundial sem incomodar os donos dos lugares cativos na frente do ranking, entretanto era repetidamente indicado pelos seus pares (como Slater, Garcia, Machado e Powell) como o melhor surfista do tour.
Egan foi vencer um evento depois de quase uma década no circuito, frequentou os top 16 por oito anos e aposentou-se ainda com surfe de top 8.
Ninguem ouviu falar muito de Michael Rommelse, o surfista que vi surfar com a pisada mais forte e pesada, parecia ter uma bigorna no pé de trás. Rommel terminou apenas uma vez entre os top 16,mas será lembrado pela promessa que não foi.
De volta para 2008, é curioso perceber que antes, nos anos 70, o circuito era dominado por regulars e as ondas que predominavam eram direitas, com exceção de Pipe, ou uma eventual Narrabeen, ou Arpoador, única chance de redenção dos goofys e hoje, num circuito onde as esquerdas pesadas podem decidir que leva ou quem roda, surfar de costas pra onda é uma vantagem.


Seria Marzo o próximo Reynolds ?

Comecei o texto com a intenção de falar da linhagem nobre que descendem Lowe e Occy, Banks, Lynch, Carroll... No meio do caminho me dei conta que o assunto devia ser a queda dos goofys em 2007, representada pra mim na aposentadoria precoce de Lowe e Egan, já que Occy vinha anunciando faz tempo que largaria o tour.
Estou curioso pra ver se em 2009 ou 2010 assistiremos uma revira-volta dos goofys com Clay Marzo, Tonino Benson, Mitch Coleborn, Matt Wilkinson, Owen Wright e Pablo Paulino.
Tô pagando pra ver.

domingo, setembro 02, 2007

Post-scritum

[Post-scritum para Surf Portugal, 23 de Setembro de 2003]

MR versus Cheyne Horan, MP versus Rabbit, Dora e Fain, Occy contra Curren.
Rivalidade hostil era assim: surfista de lycra azul se alonga na areia, tenta afrouxar a tensão que vai crescendo com a proximidade do soar estridente da buzina. Nesse mesmíssimo tempo o desafiante vestido com a lycra vermelha range os dentes, imagina o adversário encurralado, fudido, numa situação constrangedora, esperando pelo golpe final da espada justa dos vitoriosos.
Quando azul se levanta e cruza o olhar com o vermelho, inverte-se a coisa toda: aquele que respirava com retidão, olhos fechados, totalmente centrado, fuzila o oponente, que por sua vez fita o chão assustado.

Rivalidade era Prost contra Senna na fórmula 1 (1984/94), ‘Metaforicamente, Senna quer me matar’, dizia Prost.
Corrida após corrida se enfrentavam, um contra o outro.
Foda-se o resto.
O negócio é pessoal.
Mark Richards chamava Cheyne de ‘Brat’, algo em torno de pentelho, pra manter o padrão do horário nobre, ‘little brat’ quando o sangue esquentava.
Cheyne vinha ao Brasil ganhar o Waimea 5000 e Richards corria atrás do evento seguinte no Japão- lembram daquelas setinhas enfezadas que saíam dos olhos do bandido ? Pois bem.
Michael Peterson saiu duma bateria enlouquecido por ter perdido pro seu ‘sparring’, Wayne Bartholomeu, andou determinado até seu algoz e encerrou o assunto:’voce é um merda, Rabbit!’.
Andy pode rasgar a foto do Slater, mas quantas vezes será capaz de destruí-lo numa bateria ? (ficou provado que sim, quantas vezes fosse necessário).
O sistema da A.S.P. se mostra falho quando evita o confronto dos maiores rivais dessa nova era.
Occy foi o único surfista a manter uma margem de vitórias em cima de um imbatível Curren nos fins dos anos 80, isso alimentou 200 anos de dentes rangendo, desde Oceanside até Bell’s.
Andy teve apenas um rival até agora: Mick Campbell.
A pressão que precedia os verdadeiros combates entre os dois beirava a paixão ufanista, vide o murro que Mick deu na cara do Andy em Hossegor.
É possível que aquele soco tenha acordado Irons para o que viria pela frente e o fez deixar de disputinhas menores e concentrar-se no que lhe interessava: um título mundial.
Andy cansou de perder para Parko, Saca, Pedro Henrique, Campbell(que vergonha esses pro-juniors faz essa gente passar).
Uma estratégica mudança de patrocínio, da MCD para Billabong, ajudou no trajeto rumo à coroa do WCT, mas não foi capaz de satisfazer a vontade de saber-se reconhecido como melhor do mundo.
Bruce sempre foi considerado melhor – o próprio Andy já entrava, e ainda entra, na disputa com o caçula como quem se desculpa por não ter tanto talento bruto.
Por isso tantas derrotas pro irmão: excesso de respeito.
Parecido com Sunny e Derek Ho.
Por mais que houvesse um abismo entre o desempenho dos dois, Garcia sempre sucumbia diante do imenso respeito que guardava por Derek.
Se vale o que está escrito, Kelly Slater é o melhor surfista do mundo
, o maior de todos tempos, e Andy, mais um Bi-campeão mundial (partindo pro tri, quem sabe ?).
Ainda não é suficiente.
O WCT precisa ver os dois competindo por todos cantos, Bell’s, Kirra, Pipe, J. Bay, Teahupoo, Cloudbreak, então teremos um circuito de sonho.

[Nota: em 2007, Andy é tri, um dos mais talentosos e competitivos surfistas de sempre, possível canditado ao tetra ainda em nesse ano se os dois aussies não abrirem muito bem os olhinhos azuis - ou seriam verdes ? Pombas! e nem faz quatro anos...]