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domingo, fevereiro 19, 2012

Lost in the Ether (2011)

Lost in the Ether (2011)
Lost and Found

Lenda ou legenda ?

Na sua resenha do filme no saite swell.com.au, Stu Nettle cita uma frase do mestre dos mestres, Al Merrick para justificar a produção com computadores e maquinas de shape na Channel Islands, Blocos não tem alma, disse ele.
Kidman nesse projeto prova o contrario.
Obcecado pela prancha do Michael Peterson que eternizou-se como um dos simbolos mais fortes do surfe moderno - o cut back do filme Morning of the earth - Kidman saiu em busca da curva perfeita e se encontrou no caminho.
A grande virtude do Kidman é a sinceridade.
Tudo no filme é franco, direto. 
A entrevista com o mito MP é supreendentemente lucida e sua lição sobre a rigidez da quilha é pra ser vista e revista.
Kidman ainda por cima é um dos surfistas mais agradaveis de se ver surfando e sabe dosar muito bem seus clipes.
Não é indicado para surfistas impacientes ou hiper-ativos.

Direção Andrew Kidman
Trilha sonora - Original, feita pelo proprio Kidman.
Extras - Um livro fabuloso com toda pesquisa que Kidman fez, entrevistas, fotografias e ainda toda reflexão em cima do assunto
Porque assistir - Tem uma hora na sua vida que voce precisa mergulhar de corpo e alma em determinado assunto e, convenhamos, pranchas é dos mais sedutores.
Não deixar de convidar - Qualquer um que tenha interesse na arte e ciencia de shapear e portanto, de surfar.
Edição limitada de apenas 1.000 copias pode ser comprado por AUS$ 93.00 (incluido postagem) exclusivamente no saite  HYPERLINK "http://www.andrewkidman.com/shop/" http://www.andrewkidman.com/shop/
Kidman é um artesão e precisa da grana de cada produto que cria com todo cuidado para surfistas.



terça-feira, janeiro 20, 2009

Ether todo dia


Perguntei uma vez ao Andrew Kidman por que não fazia um blogue com tanta coisa que já tinha escrito, filmado, tocado, composto, surfado e o escambau.
- Meu filho ainda tá novinho e temos muito pra brincar. Não tenho tempo.
Ano passado AK lançou um livro que não fosse tão caro recomendaria como essencial à todos que passam por aqui.
Ether (clica aqui para um aperitivo em PDF) é um devaneio a começar pelo formato e embalagem, ali é tudo feito artesanalmente, numerado pelo próprio autor num esforço semelhante ao do John Severson 50 anos atrás.
Por isso o preço, um livrão desses aqui na Travessa custaria facilmente umas 700 pratas.
Quem ainda não se convenceu de comprar o livro e incentivar Andrew Kidman a continuar nos presenteando com suas obras, já pode agora ir todos dias no seu blogueEther daily (OBA!) e ler trechinhos do livro.
Deixo uma palhinha aqui embaixo:



I grew up riding channel bottom thrusters shaped by Simon Anderson. For me, the channels stopped the thruster sliding out and I loved the feeling of the grip and drive. I rode them until Simon said he wouldn't shape them for me anymore, as it was, to quote Simon, "Too much work and my concaves are working better."
As disappointed as I was, I couldn't argue with Simon. He was the surfer/shaper, following his own path with design. I knew this was all Simon had ever done so I respected him for it.

For me the concaves never felt the same and I continued to seek out shapers that made channel bottoms. Rod Dahlberg, being one of them.

My feelings were reaffirmed when I witnessed Mark Occhilupo at Bells Beach during the 1997 Skins event. I sat on the Bells headland by myself, taking some photos, watching the beautiful waves and the surfing. Every wave Occ rode, I said to myself: 'That's the best surfing I've ever seen.' At the time, I had no one to confirm this with. But, later in the day, as the sun went down and the parties broke out, the consensus was unanimous.
That day Occy rode 6'6" Dahlberg channel bottom, thruster. The following year, Occhilupo won the world professional surfing title.

Photo: Mark Occhilupo, Bells Beach 1997, riding his Dahlberg channel bottom.


Pra ler mais sobre sua obra prima, Litmus, clica aqui.

quarta-feira, novembro 19, 2008

Dancinha








terça-feira, março 16, 2004

De dentro pra fora (clica aqui)

No filme "In wich we serve"(1942), de David Lean, a esposa do capitão de um navio de guerra prestes a zarpar para a Segunda grande guerra, oferece um brinde à uma mocinha que recem noivou-se com um dos tripulantes.
"- Este é para o meu maior rival, o navio. Que fique bem claro para a jovem que está noiva que ela casa-se com um homem que sempre terá no seu navio a sua prioridade. Na frente da família, da esposa, dos amigos, sempre estará o navio. Eu faço um brinde ao meu maior rival: o Navio"
A tradução é livre e mal feita, entretanto, e inevitável, a comparação do navio de 1942 e a prancha de hoje é alarmante.
A relação de determinados surfistas com o surfe, representado pela prancha algumas poucas vezes, metafóricamente, vai alem da compreensão humana média: apenas um surfista com tamanho apego enxergaria algum sentido naquela loucura toda - como bem mostrava a campanha da Billabong no final dos anos 80, "Only a surfer knows the feeling".
Dito isso, exemplificada a verdadeira obsessão que faz de uma minoria privilegiada os porta vozes do que podemos chamar de cultura-surfe, lhes apresento uma turma chamada "The Val Dusty Experiment", Jon Frank, Andrew Kidman e Mark Sutherland.
Juntos, realizaram o projeto que chamou-se "Litmus", talvez, e sempre especulo o talvez pois trata-se, meramente, de uma opinião, sim!, trata-se da maior obra prima da era dos vídeos.
Importante notar que existe o filme de surfe, como tudo começou e desenvolveu-se desde os anos 40, com maior notoriedade nos 60, sucumbindo nos 70, para finalmente morrer nos 80 e renascer, agora sim, como vídeos nos anos 90.
Se o parágrafo acima não refletir uma verdade granítica, aproxima-se bastante, porém...
Litmus é um divisor de águas, Moisés atravessando o Mar Vermelho, o surfe apresentado como atividade adulta, de grande impacto estético, intelectual sem ser metido a besta, criativa nas formas de interpretar uma onda, nem religião nem arte, surfe e só.

Wayne Lynch

O jornalista menor Tim Baker demonstrou toda sua falta de lucidez quando sentenciou numa crítica feita ao vídeo na extinta e maravilhosa revista Australiana "Deep", na ocasião do lançamento em 1997, argumentando que LITMUS, se fosse filmado em película seria uma obra-prima.
Ora, LITMUS é um clássico exatamente por isso, meus caros.
O fato dos camaradas terem a pachorra de gravarem tudo em pequeninas câmeras digitais, com seus recursos e limitações, só atenua a linhagem extraordinária da obra.
Como no segmento em que Wayne Lynch divide seus delírios, sua fogueira, seu Didgeridoo e sua 'Tee pee', uma espécie de cabana indígena, com a câmera, voce assistindo tudo borrado pela velocidade baixa da gravação, o barulho do estalar da lenha...
"- não vejo motivos para continuarmos adolescentes para sempre, o mercado é tão orientado para os jovens. Surfe não é mais jovem. Surfe amadureceu, surfistas amadureceram..."
Me dá arrepios só de escrever essas palavras do velho bruxo, então com 45 anos e surfando feito um...adolescente ? ou adulto ?
Onde termina um e começa o outro ?
Assista Litmus, leia Kidman, ouça Val Dusty, eles tem algumas respostas.
Mas, quem precisa de respostas no final das contas ?

O Ciclope

No diário de filmagem, consta que Derek Hynd surfou em Jeffrey's Bay, num mesmo dia, com a 5'8'' Skip Frye, 22'' de meio, twin keeled fish, pela manhã, 8'6", Tom Parrish single fin, 3'' de espessura, circa late 70's, pela tarde e, finalmente, 9'9" Brewer Triquilha, 4'' de borda, no finalzinho do dia.
Chamamos a isso ecletismo. Ou talvez mais adequado, experimetalismo.
Depois de ter feito a cabeça de Curren durante as filmagens de um dos vídeos em série "Search" para tentar a 5'8'' e mudar o jeito de meio mundo surfar nos anos que seguiam, Hynd mostra em Litmus a sutileza da evolução das pranchas, e com pequenas homenagens à própria evolução, do surfe moderno como conhecemos hoje.
Suas opiniões são impublicáveis e essenciais.

Irlanda

Não há cores berrantes no filme. Se houvesse a pecha, quem sabe seria um vídeo-noir, com tons acizentados, dias nublados e musica ambiente de sensibilidade fora do comum. Como na parte onde visitam a Irlanda com Joel Fitzgerald e mostram, pela primeira vez, um surfe assustador, corajosamente filmado de dentro d'água - em águas que conhecemos gélidas.
Comparo esse trecho com a famosa cena da descoberta de Uluatu no filme "Morning of the earth".
As imagens são aterradoras. Tubos enormes em ondas cracomidas, deformadas pelo peso e violência, Joel escavando as cavernas com ímpeto de conquistador e uma música terna, contrastando com tudo isso.
Joel fala de seu pai e de seus ídolos: Occy e Curren.

Occy e Curren

Não pensem que não há surfe de desempenhos brilhantes e modernos tambem.
Um pequeno trecho com a irreverência de Occy surfando em Winkipop, ao som dos Val Dusty, é digno de culto.
E Curren.
A epopéia de Litmus, passa pela Austrália de Lynch, J. Bay interpretada por Hynd, escavações de Joel na Irlanda, Espancamento do ogro Occy e passa pela psicodelia de Curren surfando linhas limpas perto de casa, na época, na Califórnication.
A trilha nesse momento é de distorções, ruídos e microfonia, gravado por Kidman numa ocasião na sua querida Victória natal, sempre presente no vídeo, de uma 'Jam session' de Curren tocando no seu (de Kidman) quintal.
Mais uma vez as imagens aquáticas são magníficas e o surfe é apresentado com lentidão para a perfeita percepção dos movimentos quase místicos de Curren.

Sonhos

Na velha tradição dos filmes de surfe, uma animação chamada "Dreams" em nada anima o vídeo, pelo contrário, segundo Kidman, uma animação anti-heroína que alerta pros males dos assuntos que outros veículos preferem evitar.
A marca deixada pelo manifesto é de que não existem fronteiras para o formato de vídeos de surfe, tudo é possível, como diria Larry Bertleman.
A partir daí, desse Litmus, tornou-se viável um marketing mais 'solto' para as grandes marcas, principalmente para uma turma que surgiu na esteira da proposta sugerida dos Val Dusty: os Moonshine conspiracy.
Chris Malloy e jack Johnson devem acender uma vela por dia, agradecendo seus inúmeros prêmios, para Litmus, pedra fundamental do surfe olhado de dentro pra fora.