sábado, janeiro 07, 2012

15 Momentos que definiram 2010

[Retrospectiva de 2010, pra refrescar 2012.
Curioso foi descobrir que um sujeito - não sei se desavisado ou mal intencionado - já o havia publicado sem sequer colocar o credito do autor. Não há nenhum link para contato ou qualquer identificação do autor do blogue. Fred D'orey ja tinha me alertado desse blogue uma vez. Sou completamente a favor da republicação dos textos, mas o mínimo que um camarada pode fazer em troca é reconhecer a autoria dos breguetes. O blogue Por dentro das ondas poderia ao menos, como é de bom tom nesse mundinho virtual, remeter seus leitores ao saite dos autores ou das revistas que o publicaram.]

De Herois espera-se tudo

Um titulo ideal para uma retrospectiva de 2010 seria o primeiro ano do resto das nossas vidas, totalmente inspirado no filme do Joel Schumacher de 1985.
Numa cena, dois amigos de infancia conversam, Sempre pensei que seriamos amigos pra sempre, diz o primeiro.
Bemsubitamente pra sempre ficou bem mais curto, responde o outro.
O filme trata dum assunto caro aos surfistas, a brutal chegada à vida adulta.
Nesse ano que passou, o surfe profissional finalmente chegou a sua maioridade com a repentina e surpreedente perda do Andy Irons e a forma amadora e irresponsavel como a ASP e patrocinadores se comportaram na ocasião.
Nada foi mais impactante em 2010.
Nem mesmo o espetacular decimo titulo do Slater.
Talvez por isso mesmo ele permaneça em cena- isso é conversa pra mais tarde.
2010 foi a maior virada da ASP desde a criação do WCT e os Top 44 em 1992.
A instituição que aponta a direção do surfe profissional ousou como nunca antes, dividiu ainda mais seu circuito em categorias (World Tour, Star e Prime events) e, supostamente, unificou seu ranking.
Supostamente porque apenas os 32 (ops, 34) primeiros podem ser campeões mundiais e o cerco fecha ainda mais.


15 Momentos que definiram 2010




Taj é o homem a ser batido

Não havia alma viva que duvidasse da capacidade do Taj Burrow vencer o circuito até abril.
De dezembro até março, Taj venceu o Pipe masters batendo Slater na final, ganhou o primeiro evento do ano em que competiu, o Breaka Burleigh, WQS que tinha Fanning, Occy, Andy, Dusty e Owen entre os competidores e pra terminar, ou começar, coroou seu irresistivel ritmo vitorioso fazendo uma final (e ganhando!) com Jordy Smith no Quik Pro do Gold Coast.
Tudo indicava que os anos como coadjuvante tinham chegado ao fim.
Indo mais pra frente, um terceiro em Bells, liderança tranquila no ranking e a proxima etapa, Brasil - unico País do mundo onde Taj tem tres eventos no bolso.



Um alley oop de pé quebrado muda a historia

Dia nublado em Winkipop. A praia lotada espera ansiosa a bateria, Kelly Slater x Dusty Payne.
Corre o boato que Slater quebrou o pé.
Depois de perder para Jordy Smith no Gold coast e fazer apenas a sexta melhor media da primeira fase em Bells, uma derrota para Dusty pode acelerar o processo de aposentadoria do maior surfista de todos tempos.
Dusty abre com um 9.17 e passa o resto da bateria em busca duma nota baixa- Slater avança e sai d’água mancando.
Dois dias depois, ainda sob efeito de fortes analgesicos indicados por um amigo jogador profissional de Rugby, Slater vai passando pelos seus adversarios com sua 5’8’’ um a um até enfrentar um Mick Fanning destinado a vitoria.
Quando tudo parecia resolvido, Kelly acerta um inacreditavel e inesperado alley oop e muda a historia do surfe profissional.
Gabriel Medina vence a categoria Junior com espetaculares aereos em Bells - indo, somente ele, para esquerda.




Capitão Nascimento é o cacete! Jadson é nosso herói

Num ano em que os celebrados Dusty Payne, Pat Gudauskas, Matt Wilkinson, Adam Melling e Owen Wright são os novatos mais aguardados para surpreender a turma do andar de cima, Jadson Andre dentre todos é o unico a vencer um evento em 2010.
O sempre sorridente Jadson aterrissou consistentemente seus reverses até a final.
Passando por Dane Reynolds, restava apenas Kelly Slater para o sonho virar realidade.
Ninguem apostava numa derrota do Careca depois dele ter virado uma bateria ja liquidada contra um tarimbado Mineiro em 2009.
Não seria o inexperiente Jadson a por fim no jejum de 12 anos, ou seria ?
Jadson provou com essa vitoria que o circuito não pertencia apenas ao fechado grupo dos top 6 e, finalmente, a nova geração chegara pra ficar.
Slater percebe que não há refeição gratuita a caminho do decimo.
Estava aberta a corrida para revelação do ano.




Quem segura Jordy ?


Depois de quase amargar uma descida ao QS no seu primeiro ano entre os top 45, Jordy Smith vai subindo degrau por degrau o ranking da ASP.
Com um terceiro, um nono e um quinto, Jordy chegou em casa, Jeffrey’s Bay, na vice liderança da corrida ao titulo.
Uma vitoria em casa poderia leva-lo ao numero 1 e ao seu inevitavel destino de ser campeão mundial.
Com Sean Holmes fazendo o trabalho sujo de tirar KS e AI do seu caminho, Jordy levou a torcida a loucura na semi final contra Bede- a virada mais espetacular desde...Jadson contra Bourez e Reynolds no evento anterior.
Um Taj conservador e inseguro fica em terceiro e continua na briga pelo seu tão almejado titulo mundial.
Slater, irritado, cai duas posições.
Jordy fica muito bem como dono do mundo, resta saber se aguenta o peso.




Cortem as cabeças!

Hora do primeiro e fatidico corte de 44 para 32.
São degolados todos que não se encaixam nos novos criterios da ASP, curiosamente surfistas com mais de 30 anos, personalidade forte e surfe pouco criativo.
Adeus, Michael Campbell (que perdeu esquisito pro Adam Melling numa bateria que poderia mudar seu ano), adeus Marco Polo, Neco, Blake, Drew, Tanner, Ben Dunn, Dingo, Kekoa, Jay e Withs, foi bom enquanto durou, agora de volta ao calabouço dos WQS.
Pat Gudauskas salva-se na ultima volta do ponteiro com um rodeo-clown muito mais parecido com um el-rollo dos anos 80 do que a manobra que Jordy completou em 2009.
Slater faz seu primeiro 10 do ano.
Manoa Drollet despacha duma vez só, Jordy e Taj, facilitando a vida do Careca - mal sabia ele quem o esperava na semi-final...



Ave Andy, os que vão morrer, te saúdam...

A fome estava lá, o surfe ainda tinha algum brilho do uma vez fora o surfista mais temido do tour mas por algum motivo, Andy era apenas uma sombra do tricampeão que conhecemos.
O ano sabatico lhe fez bem, ja não enlouquecia depois de cada derrota e, talvez por isso mesmo, aparentava apatia nas primeiras etapas.
Agora estavamos no Tahiti, seu lugar predileto. Foi no Tahiti que Andy surgiu avassalador para a ASP e seus companheiros.
Claro que Pipe era seu quintal, todos sabiam disso, mas Teahupoo era a sala de estar onde Andy recebia seus convidados com um caldeirão fervente de MEDO.
Primeiro foi Fanning, depois Slater... o devoto C. J. nunca foi pareo para o infernal desejo de triunfo do velho e bom Andy.
A sequencia de vitoriosos era exuberante, Taj, Kelly, Jadson, Jordy e agora Andy estava de volta.
O circuito dos sonhos podia não ter ondas de sonho mas tinha uma autentica e empolgante corrida ao titulo.



Novo formato, velho conhecido.

Tudo que se sabe sobre esse evento é que o nivel de surfe foi para o espaço.
Jordy, Dane e Owen fizeram até chover em Trestles.
Ondas que mais pareciam rampas, tamanho ideal para exibir a ultima palavra em surfe moderno e tempo suficiente para aproveitar o melhor que a mais divertida onda do tour tinha para oferecer.
Evidentemente Jordy não deixaria escapar a chance de fincar os dois pés no topo do ranking, nem Taj.
Bem, Slater teve a mesma ideia e voces conhecem sua notoria obsessão.
20 anos depois de ter causado assombro nesse mesmo lugar ao ganhar uma etapa do circuito americano, Slater ressurge como o mesmo predador de sempre e rejuvenesce duas decadas para desespero da concorencia.



Saca 3 x 2

Tiago Pires tem um inicio de ano fantastico.
Vence todas baterias da primeira fase que disputa e escapa da degola.
Pelo caminho deixa um rastro de destruição que passa por Martinez, Taj, Mineiro e Slater (3 x 2 pro Saca!).
Na primeira etapa perde uma bateria polemica contra o nome do circuito de 2010, Jordy Smith.
Saca não tem vida facil, pega Fanning num final de tarde em Winkipop mexido, com series demoradas - ele espera e a serie vem alguns segundos depois de tocar a buzina.
Em J. Bay, perde pro Taj num erro milimetrico de escolha de onda. Vai na primeira da serie e Taj surfa a onda do evento na onda de tras - TB faz a melhor media do evento.
Reafirma sua autoridade em ondas de qualidade, como Teahupoo, com um quinto.
Classifica-se entre os 32.



Fanning quebra, Owen tambem

O liquidificador frances funciona como nunca.
Jadson prova ao mundo que não é surfista de apenas uma manobra e arrasa com Wilko e Jeremy - este ultimo num duelo de tubos incrivel em que prevalece a tecnica do potiguar de entubar de backside.
Taj perde para Dan Ross (13) e Jordy para Fanning nas quartas (5).
Owen Wright quebra quantas pranchas encontra pela frente na tentativa inutil de mostrar ao que veio - nessa altura, depois do The Search em Supertubos 2009, todos ja sabem.
Slater enfrenta Fanning (e perde)  numa final sombria, ondas de 10 pes, correnteza, fechando.
Pouco importa, minutos antes o maldito Careca surfa seu segundo 10 do ano, ainda mais impressionante que o primeiro no Tahiti e deixa seu companheiros de circuito na indelicada situação de admitir que, sim, ele é de outro planeta.



Um brinde para Travis Logie

Em Portugal o espevitado Sul-africano Travis Logie teve seu momento de gloria nos 300 anos de tour que parece resistir.
Primeiro amassou Dane Reynolds em Supertubos na segunda fase do Rip Curl Peniche Pro deixando desolados milhares de fãs que clamavam por uma onda mais do Messias.
No dia seguinte, ainda quente da excitação de bater Dane, Logie faz a gentileza de tirar o homem que Slater considera mais perigoso da corrida ao titulo.
Todas vezes que Fanning ganhou na França, levou o titulo no final do ano.
Taj perde pro Matt Wilkinson...
Sem Taj e Fanning, os portugueses tem o privilegio de ver Slater abandonar a má sorte que o perseguiu por 14 anos em Portugal e fazer a final dos sonhos de todo entusiasta, Jordy versus Kelly.
Hora do troco.
Slater* da o cheque mate.
Um alley oop na semi final contra Davo arranca aplausos do proprio adversario, ainda dentro d’água...



A semana mais intensa de todas



Andy se foi.
Mal podiamos acreditar. Sozinho ? Em Dallas ? Por que ?
Muito especula-se, pouco apura-se.
No terror da perda, todos nos calamos.
Ja não há mais o que falar e nada que for dito pode mudar a tragedia que é perder um idolo aos 32 anos, prestes a ser pai.
A ASP não sabe como reagir, Billabong não sabe como reagir, seus amigos tem todos o mesmo olhar perdido.
Tanta coisa por fazer, tão pouco tempo...
E ainda temos um campeonato para terminar.
Dane, Jordy e Owen são uma vez mais os destaques mas é Adriano de Souza o grande personagem do dia quando, contra tudo e contra todos, resolve competir a serio no grande momento de gloria do Slater.
Uma silenciosa e apaixonada homenagem ao maior algoz do Kelly, Andy.
Slater finalmente enfrenta Taj, nas semis- e vence.
Em fila, durante o ano, foram Owen, Mick, Jordy e Taj, um a um.
Em Puerto Rico vem mais uma nota 10, desta vez menos pela tecnica de sumir e mais pela capacidade de improvisar, de criar.
Nada mais interessa.
Ou Não ?



Backdoor Masters

Na sua ultima grande entrevista, Andy diz que sem Bruce, Dusty é seu grande companheiro no tour e vai mais longe, diz que quando esta inspirado, Dusty é capaz de tudo.
Com a corda no pescoço, Dusty Payne varar pelo menos 3 baterias para se manter entre os top 32.
Kiron Jabour e Saca foram suas primeiras vitimas.
Fez uma das 5 melhores baterias de 2010 contra Fanning e foi generosamente bem julgado.
Sem Pipeline quebrando por quase um mes, todo Pipeline Masters em homenagem ao Andy Irons foi realizado no Backdoor.
Kieran Perrow e Jeremy Flores chegaram a final numa serie inacreditavel de viradas no ultimo minuto.
Slater fez um 10.
Jeremy virou em cima de Kieran.
Pela primeira vez um europeu vence no Havai.
Flores passa Adriano no ranking e quase o empurra pra fora dos top 10.
Owen chega até as quartas e rouba o rookie of the year do Jadson tambem no ultimo minuto.
Slater ganha seu enesimo Surfer Poll, desta vez com a cerimonia la mesmo no Havai - Dane Reynolds rouba a cena com o discurso do ano.



Encontro inadiavel

Julian, Raoni, Heitor,  Kerrzy e Alejo são os novatos da turma de 2011.
Comeram pedra para entrar no mais dificil ano da historia da ASP.
Heitor, Raoni e Josh Kerr ja estiveram por la.
Raoni chegou cedo demais (2004), Kerrzy talvez um pouco tarde(2007), Heitor é um batalhador serio e concentrado.
Talento por talento talvez Raoni seja o melhor deles todos.
O problema é que talento puro nunca foi suficiente para um titulo mundial.
Nem Slater, nem Curren, nem Andy, nem Carroll fiaram-se apenas no talento.
E vendo Alejo evoluindo como temos visto é de se esperar boas surpresas.
Julian Wilson tem o poder da midia o empurrando e fez uma temporada havaiana brilhante mas, na minha opinião será Alejo que fará mais barulho.
Como diria o Pablo, ninguem é mais criança.




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