sábado, julho 17, 2010

Diario de Gefersão 2












Fotinhos feitas com um Nokia 5530


Pronto, agora voce tem sobre o que escrever, Julio, murmurou o Caolho com todo sarcasmo que lhe é tão familiar.
Depois de assistir centenas de ondas dessa turma de sorte que se divide entre cortados e inteiros, cheguei a conclusão que Luke Egan, ex-top 45 atualmente comentarista na internet e nas horas vagas sparring do Joel Parkinson, é o melhor goofy dentro d'água e um dos 3 melhores surfistas até agora - longe!
Egan nos anos 90 era o que Dane Reynolds representa hoje para o esporte, evolução, frescor (sem frescura), uma espiadela no que o surfe poderia se tornar em alguns anos se o caminho fosse seguido.
Numa expression session em Zarautz, 1990, Luke Egan fez as 5 melhores manobras de toda temporada, aereos, reverses, aereos reverses e toda sorte de grosseria e estupidez.
Os joelhos juntos num corpanzil de quase dois metros nos dava a impressão de delicadeza na pisada, ideia afastada quando esmurrava ondas com tanta violencia quanto Sunny ou Potter.
No final do primeiro dia, tres duzias de surfistas brigando pelas direitas que dobravam na esquina de Supertubes, Egan era o melhor n'água, tudo de volta pro lugar como era em 96 no primeiro evento do World Tour em J. Bay.
Naquele ano, a pedra no sapato do Slater foi Egan, sempre tornando a vida do já careca mais dificil. Não fosse por duas ou tres vezes que se encontraram nas semis, Egan seria campeão mundial.
Nas semis em Jeffreys, 1996, Slater bateu Egan por um misero ponto, nem todos concordaram com o resultado.

São 5.10 da matina, ontem pude finalmente ir surfar, ou melhor, vesti a roupa de borracha e sai remando pro outside em Magnatubes, eu e o caolho.
Por 45 minutos remei e lutei contra o terral que me cegava em cada tentativa, frustrada, de entrar numa onda. Derek resmungou, Vou remando até Boneyards.
Fiz o mesmo na esperança de pegar uma onda decente.
Nessa altura, meus pés já não eram mais meus pés, mas partes quase independentes do meu corpo que estavam penduradas e poderiam cair a qualquer momento. Assim que cheguei em Boneyards, primeira sessão da onda que conhecemos como Jeffreys e que pode ser surfada mesmo durante o campeonato dependendo da direção e intensidade do swell, assim que cheguei veio uma serie dessas que vemos em fotos e filmes.
Derek gritou enfurecido, Go Julio!
E eu fui.
Eu e um local que esperava uma onda faz tempo. Tudo bem que eu vinha la de tras e o fato de mal ter conseguido sobreviver ao drope não o atrapalhou, mas veio a reprimenda, Ei! voce não chega no pico e sai pegando onda assim…voce tem que esperar.
Ok, sorry pela-saco, voce esta coberto de razão.
Duas horas depois de ter entrado no mar, sai derrotado pelo frio.
Tinha a clara impressão que meu dedão iria soltar do pé de tão congelado.
Acho que um long john 3x2 com 6 anos de idade não dá mais no couro.
E mais, talvez seja uma boa ideia usar botinhas…
Por sorte trouxe um par que comprei em 2001.

Uma linha sobre o campeonato, talvez ?
Sim! De fato há um campeonato e essa é a razão absoluta d'eu estar aqui e portanto vamos a ele.
Jay Thompsom tirou o primeiro dez do evento, voces viram ?
Fez e ainda casou com a melhor media até agora, apenas para depois ser trucidado pelo nosso valente compatriota Adriano de Souza.
Neco sobreviveu, que é o que a turma de baixo consegue fazer até agora, sobreviver.
A turma de baixo são os camaradas com a cabeça já confortavelmente pousada na guilhotina do corte do meio do ano.
Marco Polo tem tres 33s e nada indica que um milagre pode salva-lo.
Pergunto a ele se existe chance, ele não faz ideia e diz que nessa altura ja não faz muita diferença.
Podem dizer o que quiser, Marco Polo é um camarada bacana toda vida - e ainda atura o Neco nas viagens, que não é pouca coisa.
Espero que em Teahupoo Polo tenha uma grande momento de despedida do tour, uma nota dez por exemplo, ou uma vitoria esmagadora em cima dum Jordy da vida num mar gigante.
Ele merece.
Não custa sonhar.
O mar foi mudando drasticamente durante o dia, com os intervalos entre as series aumentando cada vez mais, causando insegurança irritante em alguns.
Drew Courtney teve finalmente seu grande momento no circuito, um longo tubo com tres diferentes sessões, 9.33, fosse Kelly, Andy ou Mick, seria um dez porque eles sairiam limpos pela porta da frente enquanto Drew conseguiu cagar na saída.
Nate Yeomans, uma versão atualizada do surfezinho sem vergonha do Shea Lopez, foi devorado pelo surfista mais bem julgado do evento, Jordy Smith.
Tudo que Jordy precisa fazer é não cair da prancha, o resto deixa com os cinco malandros la de cima que eles resolvem.
Owen teve uma onda surfada que me deu esperanças.
Um começo meio previsivel e finalmente uma curva de respeito, deixando a rabeta livre com completo controle e em seguida o gran finale, uma bomba compacta na junção, voila!

A noite fui convidado para jantar na casa do meu anfitrião em Jeffreys e isso é uma outra historia, deixo para amanhã.