terça-feira, junho 03, 2008

Com o mundo aos seus pés

Carlos olha pra cima e já não enxerga mais nada.


'Eles devem estar cansados, né ?' Pergunta Mares ao saber que depois de tantas horas no computador ainda tinha mais Slater pela frente.
'Quantas baterias eles surfaram hoje ?'
Quartas, semis e final e Slater acaba de surfar sua décima primeira onda e dispensou o jet-ski pra sair - quer surfar mais uma.
Sua quarta ou quinta onda na final foi devastadora, absurda. Tivesse voltado da última manobra, toda a trupe do WCT seria ridicularizada pelo nível de surfe alcançado por Slater.
Cavada com tempo errado e uma perfeita simulação de Simon Anderson debaixo da guilhotina em Pipe 1981.
A final foi completamente anti-clímax.
Fiquei esperando uma disputa franca de jabs, ganchos e diretos e o que vi foi uma apresentação solo do Carlos.
Shadowboxing.
Nenhum surfista no WCT bateu Kelly em 2008 - nem uma única derrota para os 46 surfistas rankeados
Prestem bem atenção nisso.
Apenas Manoa capitalizou duas vezes pra cima do KS, uma sobre o despreparo na primeira fase e outra em cima do erro tático.




Taj já começa a dar sinais de desespero quando diz: 'Fico pensando em quando escovei ele (Slater) em J. Bay na final no ano passado...'
TB deveria saber que não se brinca com essas coisas.
Slater perdeu sim, feio, mas perdeu pra ele mesmo.
Nas quartas, contra Mineiro, ainda em J. Bay, Slater fez a maior média do evento (19.23) e apesar de ter perdido pro Taj na final, ninguem teve dúvida de quem tinha sido o surfista do campeonato.



Mineiro cada vez mais incomoda a imprensa estrangeira com suas comemorações exageradas e estilo esquisito, mas nada disso tira o brilho da campanha excepcional que vem fazendo em 2008.
Quarto lugar do ranking nessa altura é mais do que ele mesmo poderia esperar - na realidade, com um descarte, Mineiro tá em sétimo.
Do segundo pra baixo tá tudo embolado, até o oitavo, com descarte do pior resultado, apenas 400 pontos de diferença.
Ficamos, brasileiros, orgulhosos de ver que Adriano melhora a cada temporada em ondas de qualidade, embora fique a desconfiança que seu estilo e jeito de atacar a onda não tenha remédio diante dos resultados.
Com a projeção que tem nas suas cavadas, Mineiro poderia almejar um surfe digno da admiração dos seus companheiros de WCT, mas ainda peca por muito aflito e pouco composto, principalmente de backside.
Se conseguisse deixar seu corpo mais compacto com a prancha e flexionasse mais os joelhos, Mineiro ganharia muito.
Por enquanto, o que mais chama atenção é sua capacidade de auto-celebração.

Eu acredito em milagres

Jordy paga caro pela soberba de achar que o tour seria um passeio para seu inegável talento, foi triturado pelo normal Dayan Neve.
Dane, com suspeitas duma infecção, deu perdido, pra sorte de Mick, Parko, CJ, Bede e Taj, que voltaram às manchetes, toda vez que Slater descansava.
Bede, o sortudo do ano, se mantem em segundo (com descarte), uma verdadeira aberração da natureza.
Não se repetirá jamais.
Vamos à Geffersão Bay.