quinta-feira, dezembro 27, 2007

Discoteca goiaba do surfista desatento 4




Discoteca Básica
Men at work - Business as usual (1981)

Um parágrafo de contextualização.
Nos anos 40 o surfe era blues, cru. Nos 50, foi Jazz, improviso. Nos 60, psicodélico, livre.
Nos 70 o rock comeu solto e surfe era insensato.
Chega os 80, punk, o surfe era agressivo.
Aqui no Brasil quem queria algo mais do surfe olhava para baixo - Down Under.
O choque (palavra de ordem) do surfe de Cheyne Horan, Greg Day, Simon Anderson, Mark Richards, Rabbit, Tom Carroll, Richard Cram, Jim Banks e mais uma dezena de gente que o tempo deixou de lado, o choque que foi ver esses caras surfando ao vivo no Arpoador foi devastador.
Se antes a maior influência que os surfistas cariocas tinham era do estilo 'Laid-back' dos Havaianos, de 81 pra frente a atitude mudou, quem era jovem, surfava sério e sonhava com o circuito mundial de surfe (quase uma ilusão), queria ser australiano.
Entra Storm Riders, filme que em meia dúzia de sessões transformou a Austrália em Meca.
Aos acordes de Down Under dos Men at work Rabbit corre pela grama para atravessar o riozinho e chegar em Burleigh.
Rabbit carrega uma monoquilha, com canaletas, veste um long john de mangas curtas e parece numa forma exuberante - as imagens espetaculares são do Jack MacCoy.
Business as Usual foi um estouro nas paradas internacionais de 81/82/83, um dos albums mais bem sucedidos da história do rock australiano.
O Men at work misturava uma pitadela de reggae (segundo alguns, com imensa semelhança com o Police) com pop/rock tradicional, um saxofone poderoso como uma guitarra ajudava a empurrar pra cima os ânimos.
Ouvir Business as usual era um teletransporte para o Gold Coast em pleno Stubbies, com Dane Kealoha demolindo uma parede verdinha, ou MR rasgando com os braços abertos (uma redundância...) na sua twin-fin.
Em seguida à esse album, o Men at work lançou Cargo, que extendeu o sucesso por mais algum tempo com canções-chiclete como Overkill e It's a mistake, ambas número um na parada de sucesso da Billboard.
O tempo não foi generoso com o Men at work e seu treceiro album, Two Hearts era um lixo. Depois disso, cairam no esquecimento (exceto no Brasil, onde até gravaram um disco ao vivo) e Colin Hay, o vocalista, partiu em carreira solo.
Mas nada vai apagar o sonho de garoto embalado Down under.
Em 100 anos, quando se falar em surfe e Austrália, alguem vai puxar uma fita cassete e brandir como quem desfralda uma espada: Men at work!

Um comentário:

  1. Sonzeira que nunca vai enjoar (pelo menos os surfistas desatentos).
    Beleza de artigo, J.A.
    Falou,
    Gustavo

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