quarta-feira, agosto 15, 2007

Adeus à mídia média

Drift. Muito mais do que uma revista para inglês ver.

Lembro quando era um gurizinho, dando os primeiros passos (ou braçadas) no surfe e encomendava aos parentes que viajavam ao Rio ou à São Paulo, que me trouxessem uma Brasil Surf. Naquele tempo, quando podia correr até a banca do aeroporto era uma festa, pois era garantido que eu encontraria as importadas. Que bacana conhecer aquele mundo tão distante de ondas havaianas e californianas. E aqueles equipamentos? Sonhava em poder ter alguns e ficava namorando-os nas fotos e nos anúncios.

Mas os anos foram passando e todo mundo conhece a história. O esporte desenvolveu-se e com ele, a mídia especializada. Revistas, jornais, programas de rádio, TV, etc, etc, etc, foram surgindo às dúzias, em todos os lugares. Imaginem que aqui em Porto Alegre, nos fundilhos do Brasil e a 100km de distância do mar, chegamos a ter num mesmo momento, um programa de TV diário, de 30min., só de surfe, um jornal e uma revista.

E junto com esta revolução, o lixo começou a proliferar. O que era experimento, tornou-se eterno. Gente que nunca havia pisado na beira da praia tornava-se "jornalista do surfe". E a coisa desandou. Os poucos projetos interessantes que surgiram, desapareceram como aquele swell clássico, que aparece no meio da noite e some antes do sol se pôr.

Não vou aqui citar nomes. Não é necessário. O público que se identifica com este blogue sabe do que estou falando.

Mas o que me inspirou a escrever este texto é uma experiência pessoal que estou vivendo neste exato instante. Sempre fui avesso ao radicalismo. Procuro buscar um meio termo em tudo e reluto para encerrar uma rotina. Quando comecei a ouvir de todos os lados que não havia nada que prestasse para se ler por aqui, eu considerei exagero. É claro que não há comparação entre uma publicação cujo tempo de estrada é mais longo do que a minha própria idade, com outra que está recém "saindo da puberdade". Mas o que se espera de qualquer projeto, principalmente de um veículo de mídia, é que com o tempo ele melhore seu conteúdo. Se especialize. Ganhe mercado. Mas não. Pela primeira vez eu me arrependi de ter comprado a revista na banca. E pela primeira vez eu estou passando por ela e não estou com vontade de compra-la. Dizem que é a mais vendida, mas a partir de agora não levará mais os meus tostões. Encerra-se aqui uma relação de muitos anos e posso garantir que não fui eu quem mudou.

Mas se estamos perdendo qualidade editorial por aqui estamos ganhando um outro tipo de mídia. E esta, ao menos pelo que tem mostrado, está surgindo com força e qualidade.

Primeiro foram os guris da Surfshot, que tomaram conta de San Diego e agora estão dominando toda a costa oeste, atropelando as "queridinhas de Orange County".
Depois surgiu por aqui a Black Water e mais recentemente, fui apresentado à Drift, por sinal, dica do Goiaba Mor, Júlio Adler.


Esta última inclusive, oferece um recurso que eu sinto falta nas outras: dá pra baixar a dita cuja pra ler offline ou até mandar imprimir - o que estou pensando seriamente em fazer, afinal de contas, como eu disse, não gosto de fugir da rotina: adoro ler revista de surfe no papel.

3 comentários:

  1. Anônimo9:26 AM

    caro giovanni, suas palavras expressam o que sentimos com mta precisão ao ver a mesmice, ausência de idéias, de cultura surfe e tesão a cada nova edição que chega às bancas. quando os caras vão entender, ou querer entender, que revista de surfe não é só fotografia? quando vão entender que o surfe não é só onda e manobra (90% dos textos dos caras nas revistas só falam disso)?belíssima essa dica da drift, já fui lá baixar e li um pouco, é cara, cultura surfe e ainda aliada à cultura do velho mundo, é demais.
    grande contribuição, abraço, zé augusto de aguiar

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  2. Anônimo9:57 AM

    Mancuso, há quanto tempo lhe falei que não leio mais a dita cuja, uns 10 anos, só não parei antes, por falta do rico dinheirinho para assinar as gringas. E hoje, com esse U$ baixo poderia assinar por uns 05 anos sem dor na consciência. Me sinto envergonhado de ser representado mundo afora, tanto pelo mais lida como também pelo pessoal do Sportv. Falando em revista tu conhece a Revista VISTA de skate que é produzida aqui no SUL? Se conhece, tu sabe o que eu estou falando, basta ser original.

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  3. Mas que diacho...
    Vamos dar nome aos bois.
    Aqui no Goiabada não pode ter essa de amarelar!
    A verdade é que a Fluir tá mesmo uma bosta, sejamos honestos. Essa edição de agosto então... E o que dizer daquela matéria muito meia-boca de tow at(?) - uma espécie de tow in nas marolas... Definitivamente não dá... E dá-lhe Trekinho e Marcos Sifu, goela abaixo. Isso sem falar no Felipe Cezarano, que ao que parece assegurou cadeira cativa, pois tem aparecido direto nas últimas edições. Dizem as más linguas que eles fazem parte da turma do Guaraná!

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