quarta-feira, janeiro 17, 2007
Indo.doc
Foi uma grata surpresa.
Diria o Barão de Itararé com uma das suas geniais tiradas, 'de onde menos se espera é que não sai nada mesmo'- pois dessa vez saiu.
Aqui, nesse baluarte da ostentação bobalizada que é a Zona Sul carioca, há uma simpática marquinha que faz roupas bem humoradas para surfistas, chama-se Lanho.
Minha convicção dá fé (ou como eles dizem, 'bota fé') ao fato desse movimento ter colocado o Leblon de volta no mapa do surfe, de cá e de lá.
Graças aos campeonatinhos da Lanho, o surfe renasceu no Leblon e Ipanema, depois de quase uma década agonizando num mata-leão de águas poluídas, febre de ju-jitsu, altinha e maromba.
Hoje, agora mesmo, o cidadão pode ir ali no calçadão da Delfim Moreira e constatar: olha o surfista!
Por algum tempo, só quando dava onda no Pontão, mais de metro.
Mas, por Tutatis!, o que foi a grata surpresa ?
Tive o prazer de assistir ao documentário Indo.doc.
Resumindo, uma turma (não confundir com Uma Thurman) de amigos viaja pra Indonésia em seguida aos desastres que a devastaram e, curiosos e solidários, visitam algumas das regiões mais afetadas pelos Tsunamis.
O argumento do vídeo é muito inteligente e bem bolado, a edição é discreta (coisa rara nesse tempo de pirotecnias masturbatórias) e a direção tem o mérito de não se deixar pela amizade com os personagens e deixa o surfe em segundo plano, valorizando a aventura e a intenção de documentar a vida depois da tragédia.
No final do filme, um depoimento corajoso (da parte dos dois diretores André Pires e Leondre Campos) e emocionado de uma senhora local, pregando a volta da peregrinação dos surfistas pr'aquela ilhazinha perdida entre sonhos e tragédias, Asu, frontalmente contra a estupidez de muitos ao condenar os miseráveis que lá vivem ao esquecimento em troca de algumas ondas secretas.
Em nenhum momento Indo.doc cai na perigosa armadilha de exagerar na tradicional prática do surfe nacional de auto-promoção.
O bom senso prevalece, o surfe tempera e dá água na boca mas nunca serve para exibicionismo, qualidade rara nesses dias de youtube, blogue e Myspace, ferramentas públicas de frivolidades.
Querem saber ? Gostei pacas.
O documentário é leve, assisti com a patroa, esparramado no sofá, depois da empulhação que foi o programa 'Jogos para sempre' do Flamengo X Vasco na final do Carioca de 3/12/1978, que teve o descaramento de copiar o sensacional curta da Raça Filmes, 'O Deus da Raça', Ipsis literis- até nos créditos- santa cara de pau, Batman.
Uma sugestão aos camaradas, já que a Lanho prega a arte livre e gratuita, é transformar o Indo.doc num arquivo Torrent e disponibilizar para o mundo inteiro o DVD completo, com legendas.
Indo.doc merece atenção.
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Vi e gostei muito!! Do Indo.doc é claro!!
ResponderExcluirParece ser realmente muito bom! Tomara que esse caminho seja mais explorado. Acho que dos vídeos de surfe podem ser fontes de excelentes documentários, já que nas viagens a fissura de pegar ondas novas é na verdade uma ótima desculpa pra gente passar por roubadas bizarras conhecer lugares, pessoas, culturas diferentes e aprender. No fundo tudo acaba como uma história boa pra se contar e escutar seja numa mesa de bar ou em frente da tv.
ResponderExcluirTio Juio,
ResponderExcluirFoi transmimento de pensação. Tava pra te ligar essa semana pra falar que esbarrei com o Indo.doc zapeando por aí e que achava ser assunto digno de Goiabada. Tb gostei muito.
Bem, já tá avisado. Economizei a ligação.
E ó, o surfe de tarde hoje tava alucinante. Terral pra tudo que é lado.
abs!
e hj o terral foi embora, mas as ondas continuaram lá, verdes...
ResponderExcluirBabando ovo da Lanho?! Logo vc, julinho?!
ResponderExcluirSão os primeiros jabás do portal goiabada...
ResponderExcluirMas o post é interessantíssimo, fica imperceptível, e jornalismo assim dá gosto de ler com ou sem jabá.
Aon inves de Julinho vai ser Julanho.
ResponderExcluirHAHAHAHA!
Assistindo o Indo.doc fico em duvida se Ze roberto anibal e ze roberto cavaleiro sairam do Leblon.
ResponderExcluirNunca ouvi uma frase que fizesse sentido de nenhum dos dois.
Tomboy
Ihh, belo blog! Aliás,"not bad for a surfer" é expressão ainda familiar (garanto) aos ouvidos de Uma Thurman que surfa tb outras praias.
ResponderExcluirNão conhecia blog algum com boa literatura surfística em vernáculo luso, mas honestamente nunca fuxicara. Show!!
Zé e Meleca saíram sim desse lunático principado, e outrora fizeram bastante sentido dentro de nossas CNTP.
Bruno Pesca
"Uma sugestão aos camaradas, já que a Lanho prega a arte livre e gratuita, é transformar o Indo.doc num arquivo Torrent e disponibilizar para o mundo inteiro o DVD completo, com legendas."
ResponderExcluirInteressante e polêmica proposta, gostei da ousadia!
Pergunto: Ganha-se dinheiro fazendo filmes e disponibilizando assim?
Uma honra receber elogios de quem melhor escreve e analisa o mundo "surfistico".
ResponderExcluirBom ter gostado do Doc.
Abracos.
bicho, esse doc é massa mesmo, sem lengas ou mais delongas, mostra uma realidade pouco interessante a maioria dos corredores de olas do brasi, outróra varonil... julinho ou julanho, o que vale é a boa escrita..
ResponderExcluir2' de cana...
o documentário ficou legal, mas dizer que a Lanho é uma marquinha simpática é foda..
ResponderExcluirlembrem-se:
ResponderExcluirvitão para tubo do ano no prêmio mais cobiçado
da mais vendida. tudo a ver
Lanho Crew Rules the fucking world!
O Mundo é o Leblon, até a novela da Globo reconhece...