segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Costa é fato

(texto de 16 de Maio de 2003, achado numa pasta que chama-se 'Zona', tem de tudo) Fato: Danilo Costa é o primeiro brasileiro ornando um pódio de WCT em 2003. Fatalidade: ondas menos que suicidas, melzinho pro Neco superar o trauma. Resultado: quem assistiu “Trocando as bordas” – A Onda é um caminho sem volta (Pepê Cézar/Jonas Rocha 1999/2000) já conhecia o desempenho do Potiguar na mais temida onda do circuito. Tenho alma de torcedor de arquibancada. Sempre fui de ficar puto com amigo de escola sacaneando o Flamengo quando o Fluminense tinha a ‘Máquina’ do Horta, com Rivelino, Pintinho, Wendell, Rodrigues Neto, Toninho e Marinho, o Diabo Loiro. Mengo era freguês do Pó de arroz. Não levava desaforo pra casa, nem dos tricolores, nem dos botafoguenses, muito menos dos vascaínos. Em 73 apareceu um garoto franzino, bom de bola, habilidoso toda vida, o técnico Zagallo o efetivou como titular em 1974, para não sair mais da camisa 10 da Gávea. Jorge Ben cantou as jogadas do Zico antes dele levantar a taça de campeão do mundo em 81, no Japão. E o surfe com isso ? pergunta o leitor mais ansioso. Nada, caro surfista, jogo essa conversa fora pra explicar o porque de tanta exaltação no manifesto que aqui foi publicado na semana passada. Dei uma de torcedor, de bandeira na mão e tudo, na saída do Maraca – ainda nos tempos quando tudo se resolvia na conversa, pré-bala-perdida. Teve gente que esbravejou dizendo que colunista não pode emitir opinião, é anti-ético, diziam. Pois, no meu ponto de vista, é exatamente ao contrário: anti-ético é manter-se alheio aos seus anseios e suas vontades. Nesse caso, inopinado, temos os colunistas ou repóteres-vaselina, aos montes, seguindo o manual de redação ao pé da letra. Não sou muito dado à debates vigorosos, diálogos ensandecidos e polêmicas baratas. Estou mais para o longo papo em mesa de botequim, cerveja gelada, petisco, voz pausada e volume baixo, respeitando a mesa ao lado. Nesse caso, ponderado, passada a inflamação do assunto, volto brevemente para esclarecer 3 aspectos do manifesto, por partes: O primeiro e menos relevante, porem mais desastrado, foi o apodo‘rastejante’ do Juarez, que mostrou-se arrependido e já recebeu um convite para vir ao Rio de Janeiro surfar São Conrado com 4 pés e treinar para sua primeira temporada em Teahopoo. Segundo: Revelou-se duas facções organizadas no forum – os bem-educados e os mal-educados (estes, por sua vez se auto denominam ‘mau-educados’). Sinto, lamentavelmente, que contribuí para a manifestação de muito malandro devido ao conteúdo ferino do meu texto e juro, de pés juntos, que daqui pra frente só escrevo pra quem quiser me ler. Terceiro e mais importante de tudo pra quem chegou até aqui com sofreguidão, como nosso querido amigo Juarez, é uma opinião (finalmente!) sobre a postura do Neco. Torcedor que sou, fiquei frustrado, P dentro da roupa de borracha que o cara não foi. Cansei de xingar o Zico, quando ele perdia gol. Já xinguei o Romário, Ronaldo e o Pelé -por ele ter parado tão cedo de jogar, eu que nem tinha visto direito as coisas que meu Pai contava e ele me abandona, daquela forma canestra. Por mim, o Pelé jogava até hoje, fazendo demonstrações de como tratar uma bola direito. Acho que o Neco deveria ter ido e encarado o trauma. Concordo ainda com os leitores que o aconselharam a passar um tempo no pico, de férias, superando o medo e vencendo seu principal obstáculo para um possível, mas nesse momento improvável, título mundial. Danilo lavou nossa cara, que andou com nariz de palhaço depois da infeliz matéria do razoável surfista e dublê de jornalista Hagan Kelly, no sítio da revista Surfing. O time brasileiro no WCT não se abateu e teve sua melhor atuação no Tahiti, apesar da pressão e do desprezo. Peterson continua firme, sempre uma ameaça para qualquer dos top 44, entubando fundo e dropando mais atrás, justificando suas campanhas de melhor brasileiro no circuito nos últimos 5 anos, somadas as posições de 98 pra cá. Se Peter e Costa tiverem paciência e boa escolha de ondas em Fiji, pode dar samba nos 4 primeiros lugares. Pra quem chegou agora, Cloudbreak tem tradição verde e amarela. Em 99 Vitinho deu uma rasteira no Luke Egan nas quartas e um rabo de galo no Slater na semi para chegar na final contra Occy, exatamente quando o Ogro fazia sua fabulosa(e nebulosa) volta por cima. No ano seguinte, Herdy só perdeu pro Luke Egan numa final eletrizante, Louie levando a melhor e dedicando-a ao seu parceiro de circuito, Matt Hoy que se aposentava por tempo de serviço.

4 comentários:

  1. Anônimo9:52 PM

    tão atual quanto o terno do lalau. só não sei se ao certo se a estória volta se repetir.

    ResponderExcluir
  2. Sabia que goiabada se chama marmelada, em Portugal?!
    Mas vem do marmelo, é óbvio!
    Beijinhos

    ResponderExcluir
  3. Anônimo9:26 AM

    Drª? Cuidado...Marmelada aqui é o mesmo que falcatrua aí....

    Pau brasil

    ResponderExcluir
  4. Anônimo12:34 PM

    Julio
    Mudando de assunto...
    Li agora no Waves.com.br que o diretor de "Second Thoughts", Timmy Turner, está (ou esteve)em coma. Sabes alguma coisa a respeito? O que e como aconteceu?
    Por outro lado, tenho uma sugestão de coluna para o blog: Fala sobre as chances (nesse ano e nos próximos) dos estreantes no WCT, principalmente Pedro Henrique e Mineirinho.
    Um abraço,
    João Otávio
    Porto Alegre/RS

    ResponderExcluir

Diga lá...