sexta-feira, junho 03, 2005

Menescal

• Andando devagar, eu atraso o fim do dia.
Foi Pepe que escreveu isso na capa duma fita cassete com música de passar tempo - de onde ele tirou, não sei.

• Surfboard foi composta em 1964 pro disco 'The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim', lançado apenas no Estados Unidos, com os arranjos do mago Nelson Riddle, que já tinha feito miséria nos arranjos de I've got you under my skin (Cole Porter) no disco 'Songs for Swingin' Lovers!' do Sinatra.
A gravadora Elenco, de Aloysio de Oliveira, lançou em seguida o LP no Brasil com essa capa embaixo.




• Conversa mole só pra falar de um homem do mar que leva um violão como Curren conduz a prancha: Roberto Menescal.
A mesma bossa que embalava Bruce Brown, Dora, Severson e Edwards lá no Pacífico mais gelado da Califórnia era destilada por um grupo de rapazes que passava o dia na praia, conversando sobre tudo e nada, bebericando sua cervejinha, violão no colo, muita mulher bonita inaugurando seus duas-peças ao redor.

Pode soar familiar com essas modernosas campanhas publicitárias, cores vibrantes, granuladas, de Banco ou modelo novo de automóvel.
Carioca curte perder tempo assim.
Somos, talvez, menos objetivos e portanto a bossa que hoje inunda lojas bacaninhas e restaurantes 'nouvelle cuisine' mundo afora é resultado deste 'dolce far niente'.
Surfistas são assim tambem, inúteis e universais.
Não surpreende que Menescal tenha gravado um disco com o título 'Surfboard'.



• Falava-se demais dos barquinhos, peixinhos, pôr do Sol, Areia e amor não correspondido.


• Marcos Valle e seu irmão Paulo Sérgio faziam música de surfe em 1967, 'Vamos pranchar' antecipava o termo surfar e surfista, criado pelo tambem mergulhador Arduíno Colasanti (galã predileto do Nélson Pereira dos Santos na época do outono do cinema novo), e foi relançada no pacote da Emi que homenageava os 100 da Odeon, disponível no CD Braziliance.



• Estivemos irresponsavelmente na praia, sem fazer nada e criando um dos estilos de viver mais cobiçados que esse século vinte e um há de embalar e vender com um lacinho vermelho.

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