terça-feira, agosto 24, 2004

Nouvelle vague


'O filme é uma merda, mas o diretor é genial!'


Prancha antiga, ou nova à moda antiga. Uma atitude zen e o velho papo da alma do surfe.
Grande parte das vezes o camarada assiste com o queixo caído as imagens tão belas, tão bem cuidadas.
- Ai, como eu mereço isso... Suspira esperançoso e arguto.
A resenha sempre traz a senha: 'O filme tal não é feito esses vídeos escalafobéticos, com música barulhenta e edição nervosa...'.
Pronto: filisteus fazem fila na loja de surfe pra comprar e arrotar no meio dos amigos:' Comprei o... fotografia maravilhosa... muito profundo...com uma visão fora dos padrões comerciais...definitivamente recupera a alma perdida do surfe.'
Bombas feito o Shelter, um desastre lindo, técnicamente impecável, pretensioso e vazio.
Não tivesse declarado a 'inspiração' ao Morning of the earth, Shelter seria menos ruim, ou pelo menos tragável. Exceto pela única onda do Tudor filmada com a luz contra ao som do Air, fico feliz de não ver o nome do Jack Johnson nos créditos de direção.
Morning… não tem uma única palavra; Shelter peca pelo excesso delas.
David Treloar fazia um toco e corria pra testá-la, tudo primitivo, instintivo.
Taylor Steele e Chris Malloy não conseguem por um único segundo o que Alby Falzon tinha de sobra: autenticidade.
Ninguem acredita nas coisas que aparecem no Shelter – no vídeo anterior, Décima terceira sinfonia, Dorian filosofava sobre a arquitetura de sua recem construída cozinha, enquanto nesse a lenga-lenga é sobre…nada ?
Alguem consegue acreditar na inocência encenada do filme ?
Sim, temos o Longer desse surfista que assina como J.Brother e fez um filme bacana de se ver, com uma trilha que, vou te contar!, Vale o DVD.
A sequência que abre o bendito vídeo, todo permeado pelo Joel Tudor, talvez o único surfista de pranchão que vale a pena sentar e assistir, tem os os bafejos de Stan Getz em versão sensacional de Desafinado, aos caprichos da guitarra de Charlie Byrd.
Sprout , algo em torno de desabrochar, é o novo filme da turminha retro-muderna da Moonshine Conspiracy , do afetadinho Chris Malloy e cia.
Desde que Andrew Kidman , lançou com seus compadres do Val Dusty Experiment o Litmus – esse sim, pedra fundamental- ninguem mais descansa em paz sem produzir um vídeozinho com ‘conteúdo’ para as hordas.
Um jazzinho aqui e um folk ali.
Na trilha o desavisado ja se sente prestigiado, sorri maliciosamente pensando: sensível…charmoso…só podia ser eu.’
Uma frase de efeito e voila! Uma obra prima. Abusando desses termos que dão um certo ar de superioridade, um ‘must…
Espero que esse ‘desabrochar’ não seja pomposo como todos outros que brotam feito erva daninha na tela da nossa TV.
Torço para que, espremendo, saia suco.

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