sexta-feira, setembro 02, 2011

Cambito

Era uma tarde de verão no Rio em 1990... Não!
Chovia, outono de 1989, Guarujá...Não!
A hora não passava, já era meio dia no Cupe, 1991...Não!
Devia ser segunda-feira, dia de Baixo Gavea, 1992...Nada disso...
Tudo começou nos anos 60 quando Ronaldo Duarte, pai do Pepe, foi se meter a fazer filmes.
Pepe herdou uma camera e curiosidade para registrar o que acontecia a sua volta.
Foi assim no seu primeiro ano no circuito mundial em 1987 (ou seria 1988 ?),  foi filmando, filmando, filmando...quando voltou pra casa tinha tanto material gravado em VHS que o jeito foi editar e fazer um filme.
Chamou-se Competições no Pacifico e foi apenas exibido em algumas sessões, patrocinadas pela Redley , quando a Redley ainda orgulhava-se de patrocinar surfistas e eventos para surfistas.
Nunca foi lançado em VHS ou DVD, nem tem disponivel no youtube.
Antes uma breve historia de quem era o Pepe naquele nebuloso e melancolico final dos anos 80.
Chegou ao Rio como sensação do surfe nordestino, dava aereo quando nenhum moleque sonhava em voar, competia com inteligencia e tinha uma dedicação invejavel.
Tratou de sair viajando cedo e teve uma carreira amadora meteorica - todo mundo lembra do sexto lugar no mundial amador de 1984 na California.
Virou profissional antes de completar 20 anos e largou tudo antes de fazer 22.
Duas rodadas de cara no circuito brasileiro foram demais pra ele aguentar.
Foi trabalhar com os dois unicos caras que viviam de filmar surfe, Antonio Ricardo e Ricardo Bocão, no programa Realce.
Podia ser dentro d'água, surfando Ipanema fechando, 1993...botei tanta pilha pra fazer um video de surfe que Pepe desistiu e aceitou o fardo de viajar pelo mundo com mais de 30 quilos de equipamento nas costas.
Como pesava aquele tripé!
Foi assim que fizemos o 002 Surfe, no peito e na raça.
Pepe filmava, editava, sonorizava, carregava aquela merda toda e eu buzinava no ouvido dele fabulas fantasticas de fama e mulheres no final.
Não comemos ninguem, não ganhamos dinheiro, mas ganhamos o mundo - e mais uma porrada de amigos.

Tudo isso porque resolvi colocar no Vimeo esses filmes que fizemos com tanto empenho e paixão e que estavam esquecidos la no arquivo do Pepe.
Depois do 002, recebi um convite irrecusavel do meu querido amigo Gustavo Bomba, ser editor dum jornalzinho que ele fazia com Marcelus Viana e Guilherme Torres.
Topei com uma condição, se pudesse dividir o cargo, e as responsabilidades, com Pepe.
Wet Paper era gratuito, durou pouco mais de dois anos e não nos deu um centavo.
Nos deu, entretanto, uma amizade duradoura que acabou transbordando do papel pro video e virou a serie dos Cambitos.
Seria leviano afirmar que o Cambito é o filme de surfe mais influente de toda nossa historia de filmes de surfe, junto, talvez do Nas Ondas do Surfe.
Agora, apertem o play e voltem no tempo um pouco, como fiz agora ao escrever essa memoria tão viva e tão apagada.

 [La embaixo, links para baixar os videos...]


Baixar 002

Baixar Cambito 1

Baixar Cambito 2

Baixar Cambito 3



13 comentários:

  1. Eu sou fã, fã mesmo, de todos esses caras. Dos surfistas e dos que fizeram tudo isso acontecer. Não canso de repetir que o Cambito 3 é meu favorito.
    Esse eu assistia todo santo dia depois que voltava da escola com meu irmão e meu primo. Nos sentávamos na frente da tv com gosto de feijão na boca e sabíamos todas as músicas, repetíamos junto com o Binho: "Turuturuturuuuuuu, ATACAAAAR!!!"

    Aí tome-lhe porrada na cara, rabetada, aéreo e o cacete! E o melhor, SÓ brasileirada destruindo os beachbreaks do circuito. Beachbreaks inclusive muito parecidos com o da praia em que a gente tinha que treinar todos os dias 14:30 na escolinha do Kid.

    A gente tinha gravado no mesmo VHS, Kelly In Color e Cambito 3 (foi mal, pirata brabo). Assistir aos dois filmes dava o tempo exato pra digerir o rango antes de ir pra praia. Assim a gente também ficava quieto e não enchia o saco do meu pai pra levar a gente logo. Quem enchia nosso saco era minha mãe que não gostava da trilha sonora, depois de "velho" entendi porquê!

    Vida longa a geração Cambito!

    (Julius e cia. obrigado mais uma vez!)

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  2. Muito bom!!! Agora já posso jogar fora os VHS mofados no fundo do armário, rsrs VLW Julio e cia.
    Marquinho Silva GUARATIBA

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  3. Julindevagasmares (Sefaradin!!)

    Já falei numa palestra pra meia dúzia e agora divulgo geral no Goiabada.
    Você me pilhou (palavra informal para dizer MOTIVOU ou deu ENTUSIASMO) a fazer as coisas mais legais, mais interessantes e mais salgadas dessa vidinha que já alcança quase meio século.
    Puta que pariu!! Fuck!!!
    Obrigado pelas palavras e pela "desbigrafia" generosa!

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  4. Boa Julin,
    Bons tempos!
    Imaginem se lá nos anos 90 fosse a época de Youtube, Vimeo, Facebook, Twitter...
    Queimamos a largada AHAHAHA...
    Saudades da banda sempre.
    Abraços do querido amigo,
    Bomba

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  5. Anônimo3:36 AM

    O 002 eu assisti na Lauro Alvim em Ipanema. Nem lembro como descobri o filme lá. Não sei se foi pela Fluminense FM ou o jornal Now. Eu lembro que eu descobri o filme e montei uma operação de guerra para sair do Andaraí de ônibus e chegar em Ipanema à noite e assistir o filme. Era muito garoto ainda e minha mãe não podia me levar e não gostava dessa história de surf no começo.
    O cambito 3 eu comprei na Cristal Graffite na Tijuca. Quando chegava da escola assistia o filme almoçando, assim como o Junior faria disse. Porém minha parte favorita era o final, "A Regra de Três" com De Falla de trilha sonora.
    Parabéns por disponibilizar estes vídeos pra galera Júlio, pois os VHS antigos não tenho mais.

    Abílio.

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  6. FacuBr8:49 AM

    Quem disse que não existe máquina do tempo?
    Depois que baixei os Cambitos e Cabritos, alucinei e mandei pra galera das antigas.
    Adivinha?
    Saiu sessão de surf merreca no Icaraí com a galera e foi viajem no tempo total.Pra uns não deu mesmo, mais pra maioria rolou.
    Muitos barrigudos, outros carecas, e poucos sequinhos como antes.
    Valeu Julio, ihhiiiiiiii.

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  7. Como pesava aquele tripé. Putaquilpariu! Em 96, voltei da África com a coluna tortinha, mas com um sorriso que não saiu do rosto por mais de um ano.

    Com esses 4 caras aí, conheci um pouco do mundo, peguei emprestado centenas de livros e copiei outra centena de CD's. Imitei expressões, herdei manias e opiniões.

    Fizemos meia dúzia de filmes, centenas de trabalhos e muitos amigos. Como diz o Bomba: bebemos um apartamento no Baixo Gávea.

    Vida longa à Banda, aos Cambitos, aos amigos e que venham as próximas des-invenções.

    Aquele abraçø

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  8. Lembra que te perguntei sobre o cambito na transmissao em noronha? nunca entendi o porque de uma trilogia classica do surf estar perdida em arquivos guardados...na verdade ja tinha me adiantado e peguei do meu irmao que pegou do heitor...mas obrigado por disponibilizar a perola na net, eu e centenas agradecemos

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  9. Anônimo1:11 PM

    Julio,

    Primeiro, valeu pela iniciativa, se todos os que estiveram envolvidos com a surf nos anos 80 e 90 e porque não nos primeiros anos do seculo 21, fizessem o mesmo, a história do surf brasileiro não seria uma incognita de toda uma geração, para a grande maioria dos brasileiros.
    Segundo, o link para o Cambito 1 é o mesmo que o do 002 Surfe... qual é o link do Megaupload correto?

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  10. a afirmação não é leviana.

    foi o Cambito deu o start, a referência e um norte pra gente tocar os Lombrôs.

    lembro do Gross (o Rafael, não o Guilherme) insistindo que o nome do filme tinha que ser brasileiro:

    - porra, olha que maneiro. Cambito!

    e lá se vão quase 15 anos, rapidinho...

    pra deixar a rasgação oficial:

    obrigado Pedro, Tio Juio, Gustavo e Telus por guiarem o caminho dos galos cegos.

    (entra som de palma, gritos e comoção geral ao fundo)

    abs!!

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  11. muito irado... recordar é viver... uhuhuuuu boa... um salve aos pioneiros do surf brasileiro... Aloha

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  12. Viva aos Cambitos!

    Legal D mais Júlio.

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