quarta-feira, agosto 17, 2011

Troca franca

Ali versus Liston servem pra ilustrar tudo


[Não há elogio maior do que alguem discordar do que voce escreve com um bom argumento. É discordando que a gente se entende.
No dia 10.03, logo abaixo do texto de conclusão da cobertura do Quik Pro no saite da Hardcore, um comentario chamou atenção por dois motivos.
Pela eloquencia e pelo fato do leitor tambem viver do que escreve.
Renan Tommaso é premiado redator publicitario duma das maiores agencias de publicidade do mundo e apaixonado pelo surfe como eu e voce.]


          Júlio, sou teu fã desde muito antes de Goiabada, seriesfecham, e sempre achei-e continuo achando- que vc tem o melhor texto do surf brasileiro. Mas, apesar de curtir esse teu texto aí de cima tb, discordo dele em um ponto, pelo menos: que não venceu o melhor.
Nem sou de ficar comentando nada em blogs, nem no meu facebook eu posto nada. Só que dessa vez, me deu uma vontade filha da mãe de compartlhar minha opinião. Porque vi todas as baterias do Quiksilver Pro, e revi, depois de ler o seu texto, e achei a mesma coisa que já achava: o Taj quebrou, fato. Mas o Kelly esmerilhou a porra da onda de Snappers. Tem um texto do Veríssimo, O Mulato Suíço, que fala do fascínio, quase adoração que o brasileiro tem pelos que ele chama de Magníficos Perdedores. Taj é magnífico. E perdedor. Depois do deca do Kelly, notei uma certa antipatia, tipo birrinha, de alguns surfistas e de alguns da imprensa tb, em relação a ele. Boa era a seleção de 82, com a de 50 não tinha pra ninguém. Já a de 70 e a de 58…deixa pra lá. Afinal, jogaram pra caralho e venceram de forma contundente. E simpatizamos com os sofredores, os quases, gente como a gente. Vai botar em um script de novela das 8 uma mocinha que não se fode, não toma porrada da vilã até a redenção na sexta-feira do último capítulo? Vai pra Record, ou fica de castigo com a cara pra parede. Talvez a gente se veja meio assim tb. Um país magnífico, mas ainda mais enturmado com os perdedores que com a galera de cima. John Lennon disse algo parecido com isso, quando questionado pq logo o pessoal de Liverpool, andava torcendo o nariz, desdenhando deles, os acusando de não serem mais os mesmos, justo quando eles estavam bombando: quando você tá no caminho pro topo, todos querem te empurrar até lá. Quando o alcança, os mesmos e mais todo o resto do mundo passa imediatamente a só querer te derrubar de lá.
Que adianta o Taj arrepiar até as semis e se peidar todo pro Slater na final? Se ele merecia ter ganho do Slater naquela final, então vi o vídeo errado. Foi mal. Como se Slater não tivesse moído durante todo o evento com flow, variedade, borda, aéreo, tubo, rabetada, aproveitamento de onda, faca no dente, foco e o escambal. Moeu mais. Mais que Taj e q td mundo. É que se espera que prum sujeito com a capacidade dele, saia no mínimo um 9,9 depois que ele fica em pé na prancha. Parece que não basta ele surfar sutilmente melhor que os outros, ele tem que provar que é o Slater o tempo todo. E o pior é que o filho da p… provou de novo. Falam bastante da mão grande da juizada a favor dele. Pra mim, aquele 8, 73 contra o Dusty Payne ficou pequeno. E outras notas tb. Mas não fez diferença. Óbvio que sou fã discarado do cara. Nem tento disfarçar. Acredito que vc tb seja. Todos, lá no fundo, são. Mas a história do cara que tinha tudo pra vencer e não venceu rende mais. Tem uma virada interessante: a derrocada bem no fim. Ah, a seleção de 82…
10, mar 2011: 
  por: Renan Tommaso 
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Rapaz, eu nunca respondi nada nem aqui nem la.
Tipo Bis, não da pra ficar num só e meu tempo livre é todo dum menino de 4 anos que teve a sorte de nascer numa familia desajustada.
Quer dizer que eu disse que o Careca diabolico não foi o melhor surfista do evento ?
Então deixa eu consertar.
Slater foi o melhor.
De novo.
E durante tod campeonato foi julgado pelo que é capaz de fazer e nunca pelo que fez.
Não há hoje ninguem mais injustiçado que Slater na ASP.
Taj é um garoto propaganda, ou melhor, um competidor feroz transformado em garoto propaganda.
Quando escrevi que Taj foi o melhor, quis dizer entre os dentes que ninguem teve apresentação mais brilhante.
Com Slater nunca houve drama.
Dusty ou Saca nem fizeram cocegas.
Ja com Taj Burrow foi outra conversa…
O drama começou ainda em 2009.
Pipe, Burleigh, Quik Pro, Bells…
Taj carrega a cruz nas costas – na verdade que tem a cruz nas costas é o tecnico dele, um brutamontes ex jogador de futebol australiano, Johnny Gannon.
Contra Julian Wilson, Alejo e Adriano, TB comeu o pão que diabo amassou.
Igual a mocinha da novela das 8.
Para todos efeitos, media, pontuação, impacto na bicharada e afins, Taj foi o surfista do Quik Pro.
Pra mim, ninguem surfou mais que Slater.
A seleção de 1982 é considerada pelos ingleses O grande Time – com maiuscula.
O dia 5 de Julho de 1982 foi minha entrada na vida adulta.
Uma decepção tamanha que deixaria marcas no meu olhar pra tudo.
Os esportes coletivos tem esse poder sobre nós.
Uma fascinação de exercito em guerra, de que tantos homens juntos são capazes de mudar a historia da humanidade.
E mudaram.
Depois da nossa derrota em 50, da Hungria em 54 e a Holanda vinte anos depois, Zico e companhia fizeram uma vez mais musica com a bola mas desta vez não importaria o campeão.
Ninguem lembra da Italia do Paolo Rossi.
Ninguem esquece do Brasil do Zico.

4 comentários:

  1. E assim se passa um belo tempo a ler aficionados de surf. Obrigado Júlio, obrigado Renan Tommaso.

    E tenho que concordar, ainda hoje em dia ninguém surfa mais que o Slater. Até porque ele consegue uma coisa que só o Andy conseguiu em breves momentos, 5 ou 6 anos. Mostrar com o seu surf a fragilidade do surf dos outros. E aí não há melhor competidor. "Aí fazes uns aéreos incríveis Julian? Então eu faço um bom aéreo onde ninguém está à espera e uma rasgada que nunca vais fazer na vida. Aí fazer umas rasgadas do caraças Knox? Então deixa que eu faço quatro tipos de rasgadas diferentes, mais uns reverses 360 no verde, e um aéreo para terminar."

    É um génio no surf, e o maior génio competitivo que um desporto singular alguma vez teve.

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  2. Anônimo11:23 PM

    Renan,
    Aprendemos a desconfiar dos vencedores. No nosso país magnífico a galera de cima tem sangue nos bolsos.

    abs,

    R. Lobo

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  3. Sem querer analisar os motivos que levou o que cada um escreveu. Só o fato de haver discussão já é grande coisa. Num país recheado de vaquinhas de presépio ou de "revoltados" de butique (Vivienne Westwood tinha mais a mostrar)ler argumentos é reconfortante. Ainda mais neste mundinho de medíocres estilísticos como os textos do nosso esporte.
    A propósito, a derrota de 82 também serviu pra eu entrar na fase adulta. Tá, nem tanto. Eu tinha 11 anos. Mas serviu pra mudar muito do meu comportamento e crenças... À partir dali resolvi que surfar fazia uma criança / adolescente chorrar menos.

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  4. Anônimo11:54 AM

    bugger off, you bunch o´ faggots!!!

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