terça-feira, janeiro 18, 2011

(re)Lendo Francis

Tomado na mão grande daqui.

"Jornalismo hoje virou análise e pesquisa. Ninguém tem mais opinião sobre nada. Eu sou um dos últimos dinossauros que ainda emitem uma opinião."

"Eu sou um médium, já me disseram várias vezes. Minha maneira de escrever ficção é mediúnica. Crio vidas e situações que não me passaram pela cabeça." (Entrevista a Wagner Carelli – FSP, 16/09/90).

"Só os idiotas não se contradizem." (Respondendo a Caio Blinder, no Manhattan Connection).

"Estou tecnicamente morto. Não tenho mais nada a ver com esse mundo."

"Quero que você me responda uma pergunta que me aflige profundamente: quem é que você prefere, a Globeleza ou a Isadora Ribeiro?"

"O Brasil só não é rico porque não quer. Temos de vencer uma certa infantilidade que há no nosso temperamento, uma confusão entre desejo e realidade. O Brasil tem o dever consigo próprio de eliminar as necessidades básicas do ser humano. Mas o Brasil não cumpre isso, os governos não cumprem isso, a nossa sociedade não cumpre isso." (Entrevista a Geneton Moraes Neto, publicada em O Globo, 09/02/1997).

"Bebo para tornar as outras pessoas mais interessantes."

"Todo otimista é um mal-informado."

"O Brasil é um asilo de lunáticos onde os pacientes assumiram o controle."

"Quando eu fumo maconha, fico com vontade de ouvir Wagner."

"Tomei todas as drogas, nunca me viciei em nenhuma e todas me deram o maior barato. Nunca senti vontade de atrelar minha vida a uma substância, por falsa euforia." (Na Folha de S. Paulo, em 13/08/89).

"É a maior cidade de Porto Rico" (Sobre Nova York).

"Eu não sou um exilado. (...) Sou um expatriado. Vivo nos EUA porque nada tenho de melhor para fazer no Brasil. Se me oferecessem o governo brasileiro, poderes ilimitados, eu voltaria. No estrangeiro, apesar de escrever sobre temas, digamos, internacionais, nunca escrevi tanto sobre o Brasil, nunca pensei tanto no Brasil, nunca procurei tanto entender o Brasil. (...) Eu acho mais fácil entender o Brasil dos EUA do que no Brasil." (Trecho da entrevista publicada na edição 17 da Revista Status, extraída de Paulo Francis – uma coletânea de seus melhores textos já publicados, da Editora Três, em 1978).

"A ignorância é a maior multinacional do mundo."

"Esporte é uma das coisas mais chatas que o homem já inventou."

"Gosto dos autores difíceis, das melhores roupas, dos melhores quadros e de que os maitres me reconheçam na porta dos restaurantes."

"Acho que uma das maiores provas de resistência biológica do ser humano é que ele consiga sobreviver a esta montanha infinita de lixo que é a cultura pop."

"Intelectual não vai à praia. Intelectual bebe."

"O segredo-chave da minha personalidade é que eu sou uma pessoa de poucas raivas e rancores. Eu mais me divirto com a loucura humana do que me irrito, os inteligentes percebem." (FSP, 16/09/90)

6 comentários:

  1. Caralho, caralho, caralho... só me resta o riso frouxo e o palavrão!
    Que posto maravilhoso e necessário.
    Como diria o Renato Hickel "thank you very well"

    ppu

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  2. Fabio Soletti2:08 PM

    Mais uma do ilustre, essa é pra vc Julin:

    “Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultas. Critico-as. É tão incomum isso na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica. Às vezes é estúpida. O leitor que julgue. Acho que quem ofende os outros é o jornalismo em cima do muro, que não quer contestar coisa alguma. Meu tom às vezes é sarcástico. Pode ser desagradável. Mas é, insisto, uma forma de respeito, ou, até, se quiserem, a irritação do amante rejeitado.”

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  3. Há tantos personagens maravilhosos que marcaram o jornalismo no Brasil, por que um post sobre essa figura? Sei lá, é que também acho que "o homem que se vende recebe sempre mais do que vale", e temos em Paulo Francis um caso emblemático de homem que se vende, assim como Arnaldo Jabor e Ferreira Gullar, por exemplo. Da seara musical, Caetano Veloso, com aqueles artigos ridículos que vem escrevendo para o Globo. Me desculpe, mas não dá pra engolir essa galerinha que faz suce$$o se contrapondo aos nobres ideais políticos que defendiam outrora.

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  4. Larissa, esses caras não se vendem, não. Eles, na verdade, ficam velhos. Muito velhos. E começam a odiar tudo e a todos. Esses são os verdadeiros velhos.
    Quanto ao Francis, tenho a impressão que o problema dele era não ser americano, não ser tratado pelos americanos como americano, nem trabalhar em qualquer empresa de comunicação americana. A maior frustação dele era ser brasileiro. Ter nascido no Brasil o destruia.
    Na minha opinião, PF era um grande jornalista, um péssimo escritor e uma fantástica fábrica de frases de efeito.

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