terça-feira, julho 15, 2008

Elementos da direção



Elementos da direção defensiva

Coluna Tempestade em copo d'água>Revista Surf Portugal>Maio 2008

Leio no fórum do saite da revista Australian Surfin' life que o bom e velho tio Nick (Nick Carroll, irmão do Tom, jornalista de mão e cabeça cheia) criou uma bela sugestão para renovar a desgastada fórmula da ASP no WCT.
Antes de qualquer coisa, Nick conta como tudo começou: Historicamente, diz ele, a ASP/IPS sempre sustentou-se em volta de números que encaixam na clássica equação de baterias Homem X Homem. Originalmente eram top 16 que enfrentavam os 16 que emergiam da triagem de 96 antes do evento principal.
Depois formou-se o top 32 e em seguida os top 30 mais dois convidados, sempre contra os 16 guerreiros que sobravam da brutal triagem que aumentava a cada ano.
Curiosidade: no OP Pro da Califórnia a triagem chegou a ter quase 500 inscritos.
Quando o sistema WCT/WQS foi estabelecido em 1992, os 44 eram compostos por 22 do WCT e 22 do WQS, apertados para 28 e 16, agora finalmente 17 do WQS mais 25 do WCT e três convidados da ASP, escolhidos por votação do conselho dos surfistas, geralmente beneficiados por contusão, mas nem sempre.
Tio Nick deplora a segunda fase, rodada dos perdedores, por achar que aquilo tira o brilho todo do início das competições e compara a situação de ninguém perder na primeira rodada no tênis.
Para quem argumenta que há sorte envolvida e que as condições do mar podem mudar duma bateria pra outra, Nick oferece a prioridade como assunto encerrado.
Aqui, faço uma pequena intervenção pra lembrar que a grande maioria dos camaradas no WCT não fazem idéia do que é o jogo da prioridade e concordo com Nick que sorte quem faz é o surfista.
Imaginem, escreve Carroll, a cena dum tenista profissional mendigando uma segunda chance em Rolland Garros depois de perder o terceiro game do terceiro set porque caiu de produção.
Isso é entretenimento esportivo e não é nada empolgante se ninguém ganha e ninguém paga o pato.



Aqui! Biscoito Globo! Aqui! aqui...

Chegamos finalmente à sugestão: 64 surfistas.
Temos bastante surfistas excepcionais no mundo inteiro para compor os 64, adianta N.C., e provavelmente teríamos surfistas de lugares menos reconhecidos pelo histórico competitivo com (opa!) alguma representação no WCT.
Para a primeira fase, Nick combina com a inovadora fórmula do Slater de baterias simultâneas, ou seja, 32 baterias Homem X Homem divididas na verdade em apenas 16, com mais tempo para não facilitar para a tal sorte e com a oportunidade de surfar qualquer coisa que não interessar ao camarada que detém a preferência de escolher a onda. Simples e um absurdo de complexo se pararmos pra pensar demais.
Dali em diante, 64-32-16-8-4-vencedor, igualzinho hoje.


Chile era um bom lugar pro Brunin ter sua primeira vitória. Sorte do Tahiti.

A proposta é boa, não tem nada de muito revolucionário, mas ainda acho que o WCT deveria ser mais diligente em relação aos novos talentos.
Por exemplo, os melhores colocados do WQS deveriam ter vagas garantidas no WCT, durante o ano de classificação, teríamos então em 2007, por exemplo, Dane, Jordy e Saca competindo ao menos da metade do ano pra frente no WCT.
Tivesse realmente 64 vagas, 4 poderiam ser dos primeiros do ranking do WQS, que começa quase três meses antes da primeira etapa do WCT.
Seria curioso e arrebatador ter pequenas triagens em todas etapas, como acontece em Teahupoo, ou na perna australiana, que não ficassem limitadas aos convidados do patrocinador. Aqui no Brasil ou em Portugal bastava uma etapa (que bem poderia ser válida pelo circuito nacional) que antecedesse o WCT, ainda que fosse um mês antes.
Sinto falta daquele elemento surpresa, como foi a vitória do Joe Engel no Bells de 1983, ou Nicky Wood tambem em Bells em 1987, até mesmo do Fanning em 2001, mas ali Fanning era convidado, assim como Parko em 99 na África.
Nunca acreditei na conversa mole de que o surfe ainda vai alcançar o mítico 'Grande Público'.
O grande público do surfe são os surfistas.
Somos nós que ficamos acordados e faremos qualquer sacrifício para assistir ao vivo a bateria do Andy Irons, esteja onde ele estiver.

Ondas grandes ou pequenas (mesmo mínimas!), cheias ou quadradas, com intervalos de 18 segundos ou de 8.
Acho pura balela tentar adaptar o formato de competição para agradar um gigante do entretenimento na esperança de milhões de espectadores e cotas vendidas a peso de ouro, porque mesmo supostamente atrasados, complicados e subjetivos já atraímos o olhar comprido dum (sussurram ouvidos atentos!) monstro da internet- alguem espirrou AOL ?
Dia desses o editor online da Surfer, Scott Bass, um dos melhores e mais astutos jornalistas da atualidade, conversava com Nat Young sobre competição e Nat disparou:
Eu gostaria de ver um WCT em Mavericks. Tudo seria resolvido em torno de quem surfasse a maior onda e pronto.
Vamos tirar a subjetividade da coisa, simplificar para o (olha ele aí!) grande público.
Quem pegar a maior onda leva. Afirmou o homem que todos conhecemos como Animal (Nat Young tambem é conhecido pelo apelido de Animal, sim senhores).
Por algum motivo bobo e subjetivo, me recordo agora do Reno Abellira no Smirnoff de 1974 e do Mark Richards no Billabong Pro de 1985.


E por que não ?