segunda-feira, julho 09, 2007

Sudeste




Meirelles é um desses heróis sem condecorações.
Virtuoso como músico, arranjador e produtor, fez tanta coisa, e fez tão bem que é injustiça, ou desatenção, falar de menos de uma dúzia.
Esse camarada tímido e mal-humorado foi quem escreveu o arranjo de 'Mas que nada' do Jorge Ben e fundou uma coisa que ele pode hoje se dar ao luxo de batizar de Sambajazz.
Em 2002, o Beto me chamou para registrar a volta do Meirelles ao estúdio depois de 28 anos sem gravar um disco próprio, aceitei eufórico e perguntei quanto deveria pagar pela honra.
A música daqui de cima chama-se Sudeste e é uma brincadeira com outro tema genial do Meirelles chamado Nordeste.
Segundo a estória contada nos botecos, Ed Mota um dia liga de Londres pro dono da Dubas, Ronaldo Bastos e diz que achou, finalmente!, o disco do Meirelles (O Som de 1964) num sebo pela bagatela de 200 Libras.
Ronaldo vai atrás do sujeito e o descobre tocando em barzinhos por mixaria, dando curso de informática, morando num quartinho e vendendo cópias dos seus discos antigos de mão em mão.
- Vamos relançar seus discos ?
- Pra que ? prefiro vender eu mesmo. Ganho mais. Ninguem mais quer aquilo.
Meses depois de intensas negociões, saíam edições caprichadas, pela Dubas, do O Som e O Novo Som ( que tinha nos Copa 5 nada mais, nada menos que uma banda de sonho: Roberto Menescal, Eumir Deodato, Waltel Branco, Manoel Gusmão e Edison Machado) celebradas com fogos de artifício pelos apreciadores da boa música.
Agora, pra convencer o Meirelles a gravar um disco novo é outro papo.

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