[Coluna Tempestade em copo d'água- Revista Surf Portugal - Novembro de 2006]
Quantos títulos voce ve nessa mão ?
A imagem que me vem na cabeça é aquela épica disputa de onda entre Shane Beschen e Kelly Slater.
Foi um golpe duro no surfe profissional de 1996, quando as pessoas acreditavam num mundo melhor, livre de conflitos, pleno de diversão inocente e descompromissada, nosso ‘flower power’, que vendeu bermudas e camisas floridas como água e catapultou nossa indústria para o estágio de ‘milionária’ (barulhinho de moedas caindo no chão).
Sabem quando a tensão é tão grossa que voce precisa duma espátula pra tirar da frente ? A sensação era essa.
O mar nem estava grandes coisas.
Tinha esse tamanho ainda não estabelecido de meio metrão, metro, metro e meio, mexido pelo vento que entra depois das 9, 10 horas lá na Califórnia, mais precisamente na praia de Huntington, no lado sul do pier, direitas e esquerdas sem a menor graça.
O campeonato tinha um nome bem americano, imponente, estrondoso: U.S. Open of Surfing.
Mas a história não tinha começado ali e sim lá pelos idos de 1982 quando um pirralho magrelo de Cocoa Beach, Major Nélson e Jeanie, aparece insolente na Califórinia e arrasta o título nacional de juniores com 11 anos de idade, justo em cima de quem ?
Sim, ele mesmo, outro magrelo, nativo da Califa, cabelos loiros, loiros, quase brancos, promessa da terra que tinha dado ao mundo e ao Estados Unidos o Curren.
Era leste contra oeste, tipo filme de bang-bang.
Beschen surfava com o peso da linhagem de 60 anos de surfe californiano, Slater era o retirante, saído dum lugar sem nenhuma tradição, sem história, sem ondas- um deserto de referências.
Os dois são de fevereiro de 1972, KS de 11 e Shane de 18, uma semana mais novo.
Fugi muito do assunto, sejam pacientes, peço.
Faltava tempo suficiente para começarmos a roer unhas, Beschen liderava com alguma folga, praia lotada numa dessas multidões que confundem o espectador: 5000 ou 50000 ?
Série ao fundo.
É das grandes, quem pegar decide – bateria sem prioridade.
Como assim, sem prioridade ?
A ASP colocava uma bóia a uns 10 metros de distância da arrebentação que determinava quem tinha o direito de escolher a onda, ou seja, não bastava chegar lá for a, tinha que remar mais um pouco e dar a volta na bóia. As corridas pela prioridade eram um clássico do nosso esporte.
Teve uma do Currem com o Occy ali mesmo, no OP de 85, acompanhada pelas lentes do cinegrafista bem de pertinho…Não existia um menino aspirante a surfista profissional que não vestisse a camisa de um do dos dois.
Lá vou eu, correndo do tema como um jet ski acelerado saindo de dentro da explosão duma gigantesca espuma em Jaws.
Por que uma foto do Irons aqui ?
Nessa altura, pelo que descrevi até agora sem chegar onde queria chegar, devia faltar uns 5 ou seis minutos pra soar a corneta.
Bateria sem prioridade. Beschen, muito mais bem colocado do que Slater para apanhar a onda, rema com a confiança demais, quase arrogância.
Parecia dizer: A nêga é minha, ninguem tasca.
E naquela época nêgo não tascava mesmo.
Era um tal de divertir pra cá e amizade pra lá que dava enjoô, tudo fingindo um certo descaso, para não pegar mal e destoar do discurso afinadinho.
A velha guarda estava em retirada e, voces sabem, a velha guarda era muito ‘bad vibe’, davam valor demais ao mundo material e não enxergavam que o surfe é uma parada espiritual, manja ?
Elkerton, Potter, Lynch, Hardman, Ho, só queriam ganhar, ganhar, ganhar, sem alma, saca ? Pouco ‘cool’, vende pouca camisa florida.
Repentinamente, quando tudo parecia se encaminhar para um desfecho feliz e politicamente correto, Slater desnudou a hipocrisia que reinava e deu um choque de realidade na turba.
Vil, como apenas humanos somos capazes de ser, Slater percebeu que Beschen cometeu o pecado capital que Tomás de Aquino considerava o mais grave: Soberba.
Foi um baque.
Voce pode se tornar um surfista assim. Pergunte-me como.
Todos testemunaram o rapaz bonzinho, idolatrado por todos pela esportividade e caráter imaculado, fazer uma sujeira com um companheiro de profissão, Slater remou pra trás do Beschen com um apetite para vitória e uma determinação que desafiava a moral e bons costumes vigentes, Beschen em nenhum momento acreditou que seu adversário seria capaz de um golpe tão baixo.
Foi.
Beschen deve pensado: ele nem é louco de se colocar numa situação dessas…
Esqueceu de 82 e de 86, quando disputaram o título americano em Sebastian Inlet.
Kelly não esquecera, nem engolira, sua derrota em 1994, praia lotada tambem, naquela mesma areia, por isso, esqueirou-se pelas costas de Beschen e virou, ágil como um felino, deixando o californiano em interferência.
O mundo ficou estarrecido. Juízes se recusavam a aceitar tal gesto desonroso, ouviram-se vaias, caretas, pais tapavam os olhos dos filhos pequenos na arquibancada, primitivo!, gritavam.
Kelly venceu e somente isso o interessava. Se sua imagem ficasse arranhada, ele os faria esquecer vencendo ainda mais.
O gosto da vitória
Esse era o espírito em 1996 e em 86 era ainda pior, 76 o pau comia solto e em 66 quem não arriscava, não existia.
Hoje Andy é considerado vilão por parte da imprensa pela atitude espontânea que lida com situações tensas, distante da máscara de bom garoto predileta pelas estrelas.
‘Vamos acabar logo com isso’ disse Irons pro Slater quando caminhavam para a fatídica final em Jeffreys Bay.
‘Destroe ele, Andy!’ Gritou embriagado Fanning.
Isso é uma arena de competição, tem leões lá fora.
Lembrar dessa ?
Na regressiva, Slater precisa quase dum 10, Andy esperava o cinco, quatro, tres, dois, um já areia, título em mãos, pronto para seu gole triunfal na latinha de Fosters.
‘Quer dizer que agora é assim ? voces julgam para o público ? deram a nota pro cara antes dele ficar em pé…’.
Andy Irons é último rebelde da ASP, o único que resiste fiel ao seu ideal: vencer e vencer.
Todo resto tenta justificar a permanência no mundo maravilhoso do WCT com frases de efeito, apelando para mais gasta das desculpas. Sim, voce acertou.
Se Kalani Robb tivesse um Andy Irons na época dele para motivá-lo a desafiar o fenômeno, talvez chegasse lá – assim como Dorian, ou Machado.
Diga-se de passagem, Andy tinha tudo para tornar-se um Kalani, mas um fogo queima dentro dele que o empurra para vitória, custe o que custar.
Irmão Bruce e coleguinha Wardo não tem esse sangue correndo nas veias, basta saberem-se, ou anunciados, tão bons quanto – perde o surfe.
Seu sólido relacionamento com Lindy é refletido nos seus resultados.
Slater sabe disso e logo quando ganhou seu sétimo, pensou em Andy: ‘Tenho que comprimentar esse cara…’, disse KS7, agora KS8, honesto e sádico ao mesmo tempo.
Foi o mesmo cara que o arrasou em 2002, numa semi final de resultado controverso, em Hossegor, antes do primeiro título de Andy, quando Slater achava que era só voltar e colher os louros.
Precisando de um 8.75 para virar contra um revigorado Slater, Irons surfa uma onda média de maneira contida, tres manobrinhas e uma finalização pouco eletrizante, um 6.5, quando muito um 7…
Nota anunciada: 9.
‘Me sinto mal, cara. Me sinto mal mesmo’, dizia entre os dentes Andy, eufórico.
‘O que devo fazer ? arremessar minha prancha nos juízes ?’ ponderava um Slater ainda sonolento, meio anestesiado pelo afastamento do circuito.
Desde sempre Andy escolheu Slater como referência e se beneficiou com isso.
Por outro lado, Slater demorou a entender que Irons não era feito do mesmo molde da turma que acompanhou nos últimos anos de WCT.
Andy pertencia a outra turma: Elkerton, Potter, Gerlach, Hardman, Lynch, Ho.
A batalha começava ali, 5 de Outubro de 2002, a alvorada do tricampeonato do havaiano e dos inacreditáveis oito títulos do Slater.
PS:
Naquele dia, um leonino de nome Neco Padaratz superou duas hérnias de disco, Luke Egan, Damien Hobgood e Andy Irons para conquistar o primeiro posto naquele evento histórico.
Alguma coisa aconteceu no meio do caminho e o desviou do trilho, mas Neco foi o primeiro dessa nova geração que surgia que não baixava a cabeça para Slater.
O triunfo no México fez KS8 entrar em estado de alerta.
Que graça teria o WCT sem esse cara ?
Para mim, o teu melhor texto do ano. Parabéns.
ResponderExcluirQueria que alguma editora bancasse a criação de uma nova revista de surf e te colocasse de editor-chefe.
Cesar Dias
julin, daqui do lado de fora, no mundo dos "admirados", apesar do ótimo texto, fico ainda com KS. que bom que AI valoriza ainda mais suas conquistas.
ResponderExcluirbrunin.
cesar: estar no meio impresso é sinal de maior prestígio? será mesmo? a internet é o futuro e a goiabada já está lá.
Brunin,
ResponderExcluirtambem fico com o KS - e ainda antes, por puro apelo estético, vou de Curren.
Abrazzo
Julio
Que bom que tem gente que consegue enxergar além dessa história de "mocinho e bandido" entre aqueles dois. Realmente não via o Andy como muito mais que um babaca talentoso e determinado pra caralho.
ResponderExcluirPasso a dar mais valor pro Andy depois das puxadas de orelha do tio Juio.
Ainda assim, só torço pra ele manter o gás no CT pr'eu poder assistir ao Carlos passar mais uns dois anos mostrando pra garotada que ainda não nasceu outro ser capaz de fazer aquelas coisas sobre uma prancha.
Brunin,
ResponderExcluirNão é questão de prestígio, é apenas gosto particular por um bom material impresso. Uma revista de Surf inteligente seria legal.
Abraço,
Cesar Dias
Excelente Júlio, entro aqui sempre na expectativa de um textocêtê como esse
ResponderExcluirÉ a formula do pão e circo, infalível
Alguns escolhem futebol, outros optam pelo esporte dos deuses
Que os gladiadores tirem sangue uns dos outros, mas que não se decapitem, porque o show tem que continuar!
PS: Penso que a má fama de Andy em muito pode ser atribuída à demonização capitalista do rapaz pelo Jack McCoy no Blue Horizon.
Quer dizer, Irons não é nenhum santo realmente, caindo na porrada com o Michael Campbell, que por sua vez retorna ao CT 2007 não é mesmo? São o boy do kauai e o aussie inimigos? Realmente não sei... Só sei que é mais um com sangue nos olhos
Não concordo Johnny!
ResponderExcluirMcCoy captou com precisão o que é e do que é feito Andy Irons! Não houve demonização, houve sim um cinegrafista que captou toda a essência de um cara extremamente competitivo, não medíocre, e inconformado em perder. Em suma espírito de campeão como de qq outro, KS incluído. Esta a grande sacada de Blue Horizons.
De resto tá lembrado daqueles posts e tréplicas que falamos em matéria postada anteriormente? Em grande parte este texto do Júlio bate com dois comentários que postei aqui, sobre Andy, Bruce e até Ho que um infeliz no final dos coments, por não saber ler, comentou!
Antes um cara assim no circuito do que estes medíocres felizes e derrotados de véspera!
É WCT, quem tá ali têm de ter por meta ser campeão mundial, se vai ser ou não ninguém sabe, mas este deve ser o objetivo principal.
Chegar ali e vir com papo de que tá pouco ligando com vitória e com título e que quer se divertir, é muito pouco para quem proporcionalmente é "bem pago" no esporte surfe e de uma pobreza de ambição absurda!
PS.: Para mim Campbell nem se compara aos melhores do WCT, é apenas um cara muito mas muito competitivo, mas anos luz atrás de do Andy e do infinito do KS.
ResponderExcluirèum um Hedge bem mais competitivo.
Nada além disto.
Engraçado se o craque usa a mão pra fazer um gol vira um "gênio irreverente", se o botinudo aos 44 enfia a travas no joelho do atacante é chamado de "Deus da Raça", o Senna é o exemplo de caráter mesmo quando se sagra campeão jogando o carro em cima do Prost no começo da prova pra não correr o risco de perder o título e o A.I. é considerado vilão? Realmente essa atitude bicho grilo paz e amor do Rob Machado virou a tônica do surfe competição...
ResponderExcluirPra finalizar qual o perfil de jogador que você queria que vestisse a camisa do seu time de coração?
ResponderExcluirUm cara que não aceita a derrota, fica puto, xinga, ameaça quebrar a perna do cara que deu um drible humilhante,dá porrada nos outros no final do jogo e parte pra cima da bola como um esfomeado diante de um prato de comida ou um cara que sorri quando toma um drible, parabeniza o adversário pelo gol bonito pensando na beleza do espetáculo e troca camisa com o rival depois de ter tomado uma goleada?
Diz o ditado popular: "A ética é o limite da ambição".
ResponderExcluirQuem entra em uma competição tem que espumar de vontade de vencer, mas não se deve confundir competitividade com mau-caratismo, nem ética com frouxidão.
Zico foi um dos maiores craques do mundo e não admitia perder. Quem já esteve com ele pessoalmente sabe que o Galinho é um obstinado por vitória, só que não a qualquer custo. Nunca faltou com o espírito esportivo nem quebrou a perna de ninguém. Fez 729 gols com os pés e a cabeça e nenhum com a mão.
Para sermos justo com o Senna, acredito que ele não teria feito aquilo se no ano anterior não tivesse sofrido uma cafajestada muito pior do Prost, legalizada na mão grande pelo simpatizante de nazista Jean Marie Balestre, que o Demo o tenha. Foi um tapa com luva de pelica na hipocrisia muito bem premeditado.
[]s
Leo Barroso
Não era muito fã do A.I , até que fui convencido do contrário pelo dono do blog GOIABADA entre 1 chopp e outro .
ResponderExcluirAcho que esse ano de 2007 o caneco vai voltar para algum australiano.
Joel , Fanning ou até mesmo o TAJ.
valeu
se o leitor Brunin, diz a Goibada é o futuro por estar na internet, o que diria do mais novo veículo de surf do Brasil, www.blackwater.com.br?
ResponderExcluirPelo que eu me lembre desse campeonato, a interferência foi logo no começo, o que tornou a disputa um tanto sem graça e motivo das vaias. Slater, para garantir logo os pontos, meteu no rabo de Beshen uma interferência. Vacilo de Beshen, falta de cavalheirismo do SK8.
ResponderExcluirAí Adler, seu blog é fino. Legal seu texto sobre os caras que morreram, mas fiquei até surpreso de ver que vc não falou nada sobre a morte de Olimpinho. Só fiquei sabendo disso nesta semana, e ainda tô malzão. Fiz uma pequena homenagem a ele no meu blog, se der dá uma conferida. Os gringos que morreram em novembro já estavam velhos mesmo, mas a perda de Olimpinho foi FODA. Que merda!...
ResponderExcluirAh, o endereço do blog:
ResponderExcluirwww.vivalabrasa.blogspot.com
Velho = experiencia = presente = futuro... O futuro não existe sem o passado que por sua vez, é o responsável pela existencia presente...O que seria do novo sem o velho??
ResponderExcluirvc se considera novo? ou penas um envelhecedor no presente?
tic-tac
valentões anonimos são o fim da picada....vários se fazendo valer, o "direito do anonimato" para ofender sem distinção, usuários aqui e de outros espaços nobres e raros para debatermos sobre o comum a todos nós, surfe.
ResponderExcluirabrax a todos
Fiapo
Um recado pros anônimos e não anônimos que vem usando desse forum pra ficarem de ofensas e briguinhas virtuais (que aos olhos de qualquer psicólogo de butiquim, nada mais é do que VIADAGEM e MEDO DE MULHER).
ResponderExcluirQuem quiser ficar nesse namoro, vai pros chats da vida... AQUI SE FALA DE SURFE, e seus desdobramentos... Se vc tem algo à acrescentar manda ver... Senão não tem, leia os assuntos, enriqueça sua cultura, e boa sorte.
R.O.
Belo texto, Julin fez o que Mario Filho fazia. Contextualizar a disputa no WCT e nos oferecer um ponto de vista. Se compararmos com o que nos temos nas revistas de surfe brasileiras, fica até ridículo.
ResponderExcluirComo disseram acima, a Blackwater é bem legal, mas não têm conteúdo compatível...
Esqueçam as revistas, sites e tudo mais, o Goiabada é de graça, editado por quem escreve, sem compromisso com nenhum patrocinador ou assinante.
"A revolução não vai passar na TV".
Vai ao ar na WWW.
Concordo. E vale lembrar que além da Rede, o tal Blogspot disponibiliza a ferramenta de graça. Sem divulgação, sem publicidade, sem assessoria de imprensa nem merda nenhuma, a gente pode escolher o que ver, ler e ouvir. De graça.
ResponderExcluirNão têm desperdício de papel, os "Posts" ficam arquivados e os interesados e desocupados de plantão podem fazer seus comentários, perguntas e tudo mais...
Muito melhor que cortar um bocado de árvores, poluir alguns rios com química para branquear papel, imprimir com tinta feita a base de petróleo, reunir uma dezena de semi-analfabetos e cobrar milhares de Reais por um espaço publicitário. Tudo isso para publicar um sem fim de babozeiras... E no final das contas cobrar quase 10 pratas por isso...
Viva La Internet!
Bem dito seja!
ResponderExcluirthe revolution will be not televisioned...
ResponderExcluirgil scott heron!!!
isso é som!
ResponderExcluirLembro-me desta maldita interferência de Beschen a Slater. Ao ler o resumo do campeonato na SurfPortugal, não se deu muito ênfase ao sucedido (nada comparado com o que Julio descreveu agora) e o que contou foi a vitória do melhor competidor de todos os tempos. Sim, na minha opinião, Kelly é somente um competidor feroz e que tudo faz para ser o nº1. Na minha óptica surfística, Curren é o Deus. Não fosse ele, não haveria a beleza do surf. Não somente deslizar na onda, mas como deslizar. E coloco nesta lista Simon Anderson, o tal que colocou "a máquina" debaixo dos nossos pés e que perdura até aos dias de hoje. wwww.surftotal.com
ResponderExcluirjulio! teria um pouco do A.I nakelas batidas de backside do Dane e Julian nas ondinhas do pier? soh assim pra explicar os noves! abraço!
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