segunda-feira, junho 06, 2005

Imeios

[Em 1998 arrisquei meus primeiros passos na grande rede numa coluna que chamava-se 'Malandragem é o seguinte', cartas ou imeios enviados ao Zé Guto que trabalhava no saite camerasurf.
Volta e meia deposito aqui um desses devaneios para entreter os 37 leitores que todo dia perdem tempo aqui (segundo o contador lá de baixo).
Ouve lá]

Recordações Portuguesas

E então, Pá !
Como vão as coisas aí no Brasa ?
Esta é a minha primeira coluna escrita do outro lado do Atlântico, estou sentado na sala de imprensa do “O’Neill Buondi Pro” (evento do WQS), na Praia de Ribeira das Ilhas, na Ericeira, 40 minutos de Lisboa.
Vou contar uma historinha, da primeira vez que vim a Portugal, em 1990 - estou meio sem idéias, deve ser o vinho... Malandro, naquela época o circuito era muito mais vivo e festivo, bem distante desse circo impessoal de hoje. Na triagem, nós tinhamos desde o Brock Little (sim , o mega-rider também já se arriscou no tour!), Kelly Slater corria o pré-trials, Occy tentava sua décima volta e a brasileirada já derrubava a muralha de gringos sem a menor cerimônia.
Vindo lá de baixo também estava um moleque precoce como o Nicky Wood (que também tenta uma volta em 99 e está dentro d´agua agora): ainda não era o Bronco, nem o Animal, era o Peterson Rosa. O garoto tinha 15 anos. Esse "flashback" me ocorreu porque o mar hoje subiu barbaridades, exatamente como em 90 .
Peterson varou o trials (em 90), com todos aqueles "gajos" participando e foi para o homem x homem com o vice do Bell´s de 86, Richard Marsh, e deu-lhe uma lavada. Resultado: depois de uma perna européia invejável (principalmente para o americano perfumado Jamie Brisck, que não arrumava nada na ASP e tentava pela 195736295# vez entrar para o top 30, meu Deus, quantos parênteses !!!), Peterson ligou para seu patrocinador, o visionário Roberto Valério, perguntando se podia virar profissional.
Não podia, devia esperar até o próximo mundial amador. Ou talvez pudesse... Prontamente, a ASP, correndo o risco de ser invadida por pré-adolescentes, criou uma lei que proibia a partcipação de atletas com menos de 18 anos no circuito mundial, mas logo esqueceram disso quando Kalani resolveu se qualificar.
O “trialista de Santa Barbara”, Tom Curren, deu um show nas ondas espetaculares de Ribeira e levou o trofeu de campeão naquele ano. Numa sessão de pura diversão e masoquismo, Gary Elkerton , o macaco Kong , me presenteou com os tubos mais animais que jamais presenciei . O pico se chamava Reef . Ricardo Martins, sentado do meu lado assistindo à bateria do Tom Carrol contra Sunny Garcia, contorcia-se nas pedras para poder ver simultaneamente os dois feitos: o tubo sem mãos de backside de Carrol na Ribeira e a empacotada do Kong nos tuneis cavernosos do Reef .
Falava do Peterson e fui acabar falando do Elkerton. Desculpe a goiabada, mas os dois são conhecidos pelas atitudes animalescas e nada acontece por acaso.
Hoje é dia 17 (de setembro de 99) e Peterson tem sua décima chance de ganhar esse evento.
O mar não pára de subir...

2 comentários:

  1. Anônimo1:10 PM

    Esse campeonato que o Curren ganhou aqui na terrinha, foi o que me fez sonhar em fazer surf um dia. Foi tudo monstro. Lembro-me que um amigo meu ficou com um autográfo do Curren, que ainda hoje é disputado ferozmente.
    Depois veio a SP. O João Valente. O Seabra. Anos mais tarde, quando tudo parecia baloiçar perigosamente para uma vida demasiado certinha entram na história um tal de Cadilhe e, depois, um tal de Júlio. Hoje faço surf nas ondas que sempre quis, longe de todas as certezas possíveis, mas perto do sonho que um dia, depois de um campeonato monstro, tive.
    abraço.

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  2. e a roda gira... caro amigo.
    as certezas de cá são as mesmas de lá.
    ondas vem e ondas vão.
    abrazzo
    JUlio

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